Forças da ocupação israelense mantiveram seus ataques militares a Jenin e seu campo de refugiados, no norte da Cisjordânia, nesta quarta-feira (22), pelo segundo dia consecutivo.
De acordo com a agência de notícias Wafa, tropas ocupantes detiveram Ashraf Bahr, jovem ferido pelos ataques, junto de seu pai e seu irmão, no campo de Jenin.
Soldados também tomaram uma residência civil no bairro de Khallet Al-Sawha, para convertê-la em base militar.
Tratores militares deram início à demolição de ruas e avenidas, incluindo as vias de acesso ao Hospital Público de Jenin, além de obstruírem as entradas com pilhas de terra. Ações similares incidiram nos arredores do Hospital Ibn Sina.
Franco-atiradores israelenses foram posicionados nos telhados de casas palestinas, vigiando o campo, cujas permanecem seladas, impedindo os residentes de deixar a área.
Wissam Bakr, diretor do Hospital Público de Jenin, expressou apreensão sobre as implicações dos danos às vias de acesso para pacientes e ambulâncias, ao notar que a Cruz Vermelha recebeu alertas sobre ataques posteriores de Israel.
Ao longo da noite, forças da ocupação empregaram reforços em Jenin e nas entradas do campo, ao indicar maior escalada de suas violações.
Em uma cena que parece remeter o assassinato da menina palestina Hind Rajab e seus familiares, em Gaza, atiradores israelenses executaram um pai que dirigia com sua esposa e filho pela cidade de Jenin, após recolhê-lo no jardim de infância.
Bashir Matahin, diretor de Relações Públicas do Município de Jenin, identificou a vítima como Ahmed Shaib, residente de Burqin, na província de Jenin.
A agressão israelense a Jenin — sob o codinome “Muro de Ferro” — abrange cerco armado, tratores, drones e mesmo aviões de guerra. Ao fim do primeiro dia, na terça-feira (21), ao menos dez pessoas haviam sido mortas, além de 40 feridos.
Tensões permanecem altas nos territórios ocupados após 15 meses de genocídio israelense em Gaza, com 48 mil mortos, 110 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Na Cisjordânia, são 870 mortos, 6.700 feridos e 11 presos arbitrariamente.
Em 19 de janeiro — dois dias antes de Israel deflagrar sua agressão a Jenin —, um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros entrou em vigor em Gaza.
Em janeiro passado, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, indiciou Israel por genocídio em Gaza, sob denúncia sul-africana registrada em dezembro.
Em julho, a corte admitiu a ilegalidade da ocupação israelense, ao instruir evacuação imediata de colonos e soldados e reparação aos nativos. A medida evoluiu, em setembro, por maioria absoluto dos votos, a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, com prazo de um ano para ser implementada.
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