Israel deve libertar 1.977 presos políticos palestinos, incluindo 290 que servem a pena perpétua, como parte da primeira fase de um acordo de cessar-fogo em Gaza, previsto para entrar em vigor neste domingo (19), reportou a imprensa israelense.
As estimativas são do jornal Yedioth Ahronoth.
Após uma dia de procrastinação, o acordo foi aprovado na manhã desta sexta-feira (17) pelo Gabinete de Segurança do governo de Israel.
Tel Aviv deve libertar os presos políticos palestinos em troca de 33 israelenses mantidos em custódia na Faixa de Gaza sitiada desde 7 de outubro de 2023, quando combatentes palestinos cruzaram a fronteira e capturaram colonos e soldados.
O acordo inclui a soltura de mil presos palestinos sequestrados após 7 de outubro, além de 47 prisioneiros recapturados apesar de sua soltura sob acordo prévio de 2011.
A troca deve ocorrer em sete etapas ao longo de 42 dias.
Segundo o jornal israelense Haaretz, o primeiro dia de implementação do acordo deve se encerrar com a libertação de três israelenses, quatro no sétimo dia e três a cada sete dias a partir de então, até o 35º dia de acordo.
Na última semana da primeira fase, catorze israelenses devem ser libertados, encerrando a contagem.
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Sob pressão das famílias dos reféns, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu que a troca começará no domingo.
Caberá ao Ministério da Justiça de Israel e então seu Serviço Penitenciário publicar uma lista dos presos palestinos a serem incluído na primeira etapa do acordo.
Segundo a Comissão de Assuntos dos Prisioneiros palestino, o regime da ocupação israelense mantém hoje ao menos 10.400 palestinos em suas cadeias e campos de concentração, incluindo 600 sob pena perpétua.
A maioria dos palestinos detidos permanece em custódia sob juízo militar arbitrário ou sem julgamento e sequer acusação — reféns, por definição.
O Catar anunciou nesta quarta-feira (15) um acordo de cessar-fogo em três fases, para encerrar os 15 meses de agressão israelense a Gaza.
O acordo prevê também acesso humanitário contínuo a Gaza, sob catástrofe de fome devido ao cerco de Israel.
O anúncio antecede em pouco a troca na presidência dos Estados Unidos, do democrata Joe Biden ao republicano Donald Trump, que toma posse na segunda-feira (20).
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, como crime de punição coletiva e genocídio, desde outubro de 2023, deixando 46.800 mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
A retaliação israelense em Gaza levou o Estado colonial ao banco dos réus do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, sob denúncia de genocídio, registrada pela África do Sul e deferida em janeiro de 2024.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), corte-irmã que julga indivíduos, também em Haia, aprovou mandados de prisão, por crimes de guerra e lesa-humanidade, contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.
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