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Soldados israelenses em Gaza ostentam mĂĄ conduta

Israel usa palestinos como escudos humanos em Gaza, confirma CNN

Tanque de guerra israelense na fronteira com Gaza, em 8 de julho de 2024 [Amir Levy/Getty Images]

Israel vem utilizando palestinos como escudos humanos na Faixa de Gaza sitiada, relevou uma reportagem da rede CNN, divulgada nesta quinta-feira (24), ao obrigar prisioneiros a entrar em prĂ©dios e tĂșneis, sob suposto risco de confronto ou armadilhas.

As informaçÔes sĂŁo da agĂȘncia de notĂ­cias Anadolu.

A reportagem se baseou em relatos de cinco ex-prisioneiros e um soldado israelense, que corroborou as denĂșncias.

Conforme o soldado, a prĂĄtica Ă© generalizada entre os batalhĂ”es israelenses que operam em Gaza. A fonte admitiu que sua unidade deteve dois palestinos com o Ășnico objetivo de utilizĂĄ-los como escudos humanos.

“Dissemos: Entrem no prĂ©dio antes de nĂłs”, recordou o soldado. “Se tivesse armadilhas, eles que explodiriam e nĂŁo nĂłs”.

A prĂĄtica Ă© conhecida pelas forças israelenses pela expressĂŁo desumanizante “protocolo mosquito”. Segundo a CNN, embora a escala da doutrina seja ainda vaga, hĂĄ confirmação da prĂĄtica no norte de Gaza, na cidade homĂŽnima, em Khan Younis e Rafah.

O soldado notou que, mais cedo neste ano, um oficial de inteligĂȘncia israelense chegou a sua unidade com dois palestinos — de 16 e 20 anos —, para orientar o batalhĂŁo a usĂĄ-los como escudos humanos, sob alegaçÔes de envolvimento com o Hamas.

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Quando o soldado questionou a diretiva, recebeu como resposta: “É melhor explodir um palestino do que um de nós”.

“É bastante chocante, mas depois de alguns meses em Gaza, vocĂȘ nĂŁo consegue pensar com clareza”, alegou o oficial, sem mencionar as vĂ­timas palestinas. “VocĂȘ estĂĄ cansado. Obviamente, prefere que vivam os seus, mas nĂŁo Ă© bem assim que o mundo funciona”.

Segundo o soldado, ele e colegas de sua unidade se queixaram ainda a um comandante, que os orientou a “nĂŁo pensar na lei internacional” e, somente mais tarde, liberou ambos os refĂ©ns palestinos.

A soltura, reconheceu a fonte, provou que os rapazes “não eram terroristas”.

Um dos ex-prisioneiros palestinos que falou à CNN — ele próprio, utilizado como escudo humano pelas tropas de Israel — notou ter sido sequestrado ao tentar obter comida para sua família, após ter sua casa destruída em Jabaliya, na região norte.

O refĂ©m foi entĂŁo levado a uma instalação militar, onde permaneceu por 47 dias, onde era frequentemente obrigado a realizar missĂ”es de reconhecimento para que os batalhĂ”es da ocupação evitassem os mĂ©todos de guerrilha adotados pela resistĂȘncia.

“Eles nos vestiam em uniformes militares, colocavam cĂąmeras e nos davam uma tesoura de chapa para cortar metal”, relatou a vĂ­tima. “EntĂŁo diziam, ‘mova esse tapete’, como se buscassem tĂșneis. ‘Filma debaixo da escada’. Às vezes, nos mandavam levar coisas para fora, como pertences da casa”.

Mohammad Shbeir, de apenas 17 anos, destacou ter sido abduzido por tropas israelenses de sua casa em Khan Younis; então, utilizado para “limpar” estruturas demolidas.

Outro cidadĂŁo de 59 anos observou ter sido utilizado para verificar 80 apartamentos apĂłs ser sequestrado pelo exĂ©rcito ocupante no Hospital al-Shifa, maior hospital de Gaza, que passou por dois violentos ataques de Israel no Ășltimo ano.

Segundo o soldado israelense, o “protocolo mosquito” segue aplicado em Gaza. “Colegas que se recusaram, a princípio, a adotar a prática, estão usando de novo. Parecem não ter forças como tinham no começo”.

As denĂșncias de que as forças israelenses recorrem sistematicamente aos palestinos — incluindo menores de idade — como escudos humanos sĂŁo uma reviravolta na narrativa e um contundente contraponto Ă  propaganda de guerra da ocupação.

Israel insiste na alegação de que o Hamas que faz dos palestinos “escudos humanos”, ao justificar assim seus massacres contra áreas civis, incluindo hospitais, escolas e abrigos — contudo, sem jamais apresentar provas.

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A sĂ©rie de reportagens da CNN, que buscou “humanizar” os perpetradores dos crimes em Gaza, no entanto, apresenta confissĂ”es de violaçÔes da lei internacional, possivelmente utilizadas como provas nas cortes globais.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza hå um ano, com 42.800 mortos e cem mil feridos, além de dois milhÔes de desabrigados.

HĂĄ ainda dezenas de milhares de pessoas desaparecidas — mortas sob os escombros ou abduzidas pelas forças israelenses a campos de concentração, onde enfrentam execução sumĂĄria, tortura e mesmo violĂȘncia sexual.

Israel Ă© rĂ©u por genocĂ­dio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denĂșncia sul-africana deferida em janeiro.

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