Combatentes do movimento libanês Hezbollah, ligado ao Irã, entraram em confronto com forças israelenses nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (2), como o primeiro engajamento direto entre as partes desde que Israel deflagrou sua invasão ao sul do país árabe nesta terça (1º).
Conforme a versão do Hezbollah, um batalhão de infantaria de Israel tentou se infiltrar na aldeia de Odaisseh, no distrito de Marjeyoun, no fim da madrugada. Contudo, encontrou resistência, forçado a recuar devido às baixas.
Segundo o canal libanês de televisão Al Mayadeen: “Após a emboscada em Odaisseh, na qual os combatentes da resistência entraram em confronto com a infantaria de Israel, que tentava se infiltrar em território libanês, o Hezbollah conduziu três ações concentradas a agrupamentos militares da ocupação”.
De acordo com o correspondente da emissora no sul do Líbano, o Hezbollah realizou uma “emboscada muito bem planejada” contra soldados que pretendiam chegar a Kfar Kila. A rede de imprensa reportou dezenas de feridos do lado israelense.
Apesar de uma ordem de censura do exército de Israel, informações vazaram do primeiro óbito entre suas tropas no Líbano. Vídeos online registraram a evacuação de soldados por helicópteros do exército, corroborando as baixas.
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Após o vazamento, o exército ocupante confirmou a morte de um agente da brigada de 22 anos, morto em combate.
Segundo relatos, os feridos foram levados a Haifa, com três hospitais postos à espera.
O Hezbollah também disparou foguetes ao colonato de Shtula, através da fronteira, onde tropas israelenses preparavam uma incursão, além de atingir infantaria no assentamento de Misgav Am, na mesma região.
Segundo analistas, apesar das perdas em sua liderança, o Hezbollah tem vantagem sobre Israel em táticas de guerrilha e insurgência.
Confrontos foram reportados também na aldeia de Maroun al-Ras, no lado oriental.
O Hezbollah reafirmou agir “em defesa do Líbano e seu povo e em apoio ao resiliente povo palestino de Gaza, assim como solidariedade a sua brava e honrada resistência”.
O exército regular libanês confirmou a invasão de seu território: “Uma força inimiga violou a Linha Azul [fronteira] em aproximadamente 400 metros dentro do território do Líbano — nas áreas de Khirbet Yaroun e Odaisseh — então recuou”.
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Mohammed Afif, chefe de mídia do Hezbollah, comentou os eventos a jornalistas em uma área devastada por Israel, no sul do Líbano. Conforme o oficial, o grupo tem contingente, armas e munição suficiente para resistir aos avanços.
“Asseguramos ao inimigo — esta é apenas a primeira rodada. Estamos todos prontos para sacrificar corpo e alma em nome de nossa terra”, destacou Afif. “O que viram em Maroun al-Ras e Odaisseh não é nada — é a ponta do iceberg”.
Israel e Hezbollah trocam disparos transfronteiriços desde outubro passado, no contexto do genocídio na Faixa de Gaza sitiada, com ao menos 41 mil mortos, 96 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Nas semanas recentes, no entanto, Israel intensificou ataques contra o Líbano, a partir de atentados terroristas atribuídos ao Mossad com a explosão de pagers e walkie-talkies nas ruas do país, seguidos por uma escalada nos ataques aéreos.
Em somente uma semana, as violações israelenses em solo libanês deixaram mil mortos, cerca de três mil feridos e um milhão de deslocados à força.
Na sexta-feira (27), um ataque israelense a Beirute resultou na morte de Hassan Nasrallah — longevo secretário-geral do Hezbollah. A execução culminou em réplica do Irã, através de uma bateria de mísseis contra Israel nesta terça-feira.