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Human Rights Watch diz que Israel age ilegalmente e mata palestinos na Cisjordânia ocupada

Parentes choram enquanto palestinos mortos durante um ataque israelense no campo de Nur Shams são levados para o necrotério do Hospital Tulkarm em Tulkarm, Cisjordânia, em 20 de abril de 2024 [Issam Rimawi/Angência Anadolu ]
Parentes choram enquanto palestinos mortos durante um ataque israelense no campo de Nur Shams são levados para o necrotério do Hospital Tulkarm em Tulkarm, Cisjordânia, em 20 de abril de 2024 [Issam Rimawi/Angência Anadolu ]

As forças de segurança israelenses usaram ilegalmente a força letal em tiroteios fatais contra palestinos, inclusive executando deliberadamente aqueles que não representavam ameaça aparente à segurança, revelou um novo relatório da Human Rights Watch. O relatório, divulgado ontem, examinou oito mortes em quatro incidentes entre julho de 2022 e outubro de 2023, concluindo que as forças israelenses mataram injustamente ou executaram deliberadamente palestinos que não representavam ameaça iminente à vida.

A organização de direitos humanos destacou um padrão preocupante de uso excessivo da força pelas tropas israelenses, juntamente com uma falta generalizada de responsabilidade que promoveu uma cultura de impunidade. Autoridades israelenses de alto escalão chegaram a incentivar o pessoal de segurança a usar força letal contra palestinos, mesmo quando eles não representam mais uma ameaça.

Entre os casos citados no relatório está o de Taha Mahamid, de 15 anos, que foi morto a tiros em outubro de 2023 quando estava desarmado do lado de fora de sua casa no campo de refugiados de Nur Shams. Minutos depois, as forças israelenses também atiraram e feriram seu pai, Ibrahim, quando ele tentava alcançar o filho. Ibrahim sucumbiu aos ferimentos e morreu quatro meses depois. Provas de vídeo e depoimentos de testemunhas indicam que nem Taha nem Ibrahim representavam qualquer ameaça às forças israelenses no momento em que foram baleados.

Outro incidente, em Jenin, em dezembro de 2022, viu as forças israelenses atirarem fatalmente em três homens palestinos, Sidqi Zakarneh, Tareq Damaj e Atta Shalabi, nenhum dos quais parecia estar envolvido em atos violentos ou visivelmente portando armas. De forma perturbadora, as tropas israelenses continuaram a disparar contra Zakarneh enquanto ele estava ferido no chão, tentando rastejar para um lugar seguro.

LEIA: A posição nada invejável da Autoridade Palestina

Destacando a impunidade de Israel, a Human Rights Watch observou que esses assassinatos ocorreram em um contexto em que as forças israelenses enfrentam poucas perspectivas de serem responsabilizadas por abusos contra palestinos. Entre 2017 e 2021, menos de um por cento das queixas sobre maus-tratos de palestinos pelas tropas israelenses, incluindo assassinatos injustificados, levaram a acusações criminais, de acordo com o grupo de direitos israelenses Yesh Din.

O relatório conclamou a comunidade internacional a tomar medidas concretas para garantir justiça e responsabilidade, inclusive apoiando a investigação do Tribunal Penal Internacional sobre supostos crimes de guerra na Palestina e impondo sanções específicas contra os responsáveis por graves abusos. Também pediu aos governos que suspendam a venda de armas e a ajuda militar a Israel, dado o risco evidente de que essas armas sejam usadas para cometer outras violações.

Como os palestinos na Cisjordânia continuam a sofrer discriminação, violência e repressão sistêmicas sob a ocupação ilegal de 57 anos de Israel, as descobertas da Human Rights Watch ressaltam a necessidade urgente de ação internacional para conter os abusos israelenses e defender o estado de direito. A persistente falta de responsabilização pelas mortes injustas de palestinos envia uma mensagem perigosa de que as vidas palestinas são descartáveis e que as graves violações dos direitos humanos ficarão impunes.

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