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Polícia prende ativistas pró-Palestina de Columbia em cenas que lembram Vietnã

Polícia de Nova York invade campus da Universidade de Columbia para prender estudantes que protestavam contra o apoio dos EUA à guerra israelense em Gaza.

Em cenas reminiscentes da repressão policial contra jovens que protestavam contra a guerra no Vietnã, mais de cem ativistas pró-Palestina foram detidos nesta quinta-feira (18) no campus da Universidade de Columbia, em Nova York.

A reitoria chamou a polícia municipal — marcada nos anos recentes por apoio ao trumpismo e manifestações de supremacismo branco — para dispersar um acampamento que denunciava o genocídio em Gaza e pedia da universidade que desinvestisse de parcerias com Israel.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, do partido Democrata, confirmou 108 prisões. Dezenas de estudantes foram suspensos ou ameaçados de despejo do alojamento discente, como forma de repressão arbitrária à sua liberdade de expressão e assembleia.

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A medida sucede uma audiência no congresso na qual a presidente de Columbia, Nemat Shafik, foi questionada por supostos casos de “antissemitismo” no campus — em referência a atos pró-Palestina, ao vincular críticas legítimas a Israel ao racismo antijudaico.

Durante a sessão, congressistas republicanos foram particularmente agressivos, ao reincidir em ações que contribuíram para a demissão dos reitores de Harvard e Pensilvânia.

A deputada progressista Ilhan Omar, em contrapartida, indagou Shafik sobre ataques realizados contra estudantes palestinos e solidários — todavia, sem resposta.

Isra Hirsi, filha da parlamentar de Minnesota, está entre os estudantes suspensos.

No Twitter (X), escreveu Hirsi, organizadora dos esforços de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) na prestigiada instituição americana: “Estou entre os três estudantes suspensos por sua solidariedade ao povo palestino, que enfrenta genocídio”.

“Em meus três anos no Colégio Barnard, jamais fui repreendida ou recebi alertas disciplinares”, acrescentou. “Porém, nós do Acampamento de Solidariedade a Gaza não seremos intimidados. Continuaremos firmes até que nossas reivindicações sejam ouvidas. Nossas demandas incluem desinvestimento de empresas cúmplices do genocídio, transparência de Columbia e total anistia aos estudantes vítimas de repressão”.

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Columbia se tornou centro do ativismo palestino desde a deflagração da campanha israelense a Gaza, que deixou 34 mil mortos e 76 mil feridos. Neste contexto, alunos, professores e doadores sionistas lançaram esforços para silenciar denúncias de genocídio e apartheid.

Shafik defendeu a convocação das forças policiais como “ação extraordinária [para] apoiar tanto o direito de expressão quanto à segurança e funcionamento do campus”.

A repressão policial, no entanto, deve alimentar tensões, à medida que estudantes muçulmanos e judeus já registraram processos contra diversas universidades por capitularem a incidentes de antissemitismo e islamofobia.

Pesquisas recentes indicam rejeição do eleitorado jovem tanto a democratas, em particular, ao presidente Joe Biden, que disputa um segundo mandato contra seu predecessor Donald Trump no pleito de novembro.

Eleitores progressistas — cruciais à vitória de Biden em 2020 — alertam se abster do pleito pela recusa do governo em pressionar por um cessar-fogo em Gaza.

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Nas décadas de 1960 e 1970, as universidades dos Estados Unidos se tornaram foco de ativismo e protestos, sobretudo pela luta antirracista por direitos civis e contra a Guerra do Vietnã. Casos de violenta repressão policial eram comuns.

Em outubro de 1967, alunos da Universidade de Wisconsin-Madison organizaram um ato sit-in contra a fabricante de napalm Dow Chemical. O ato, no Departamento de Comércio do campus, tornou-se célebre entre uma onda de protestos antiguerra.

A reitoria chamou a polícia, incorrendo em violência e gás lacrimogêneo. Dezenas de estudantes foram espancados e presos.

 

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