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Netanyahu aprova ataque a Rafah, desafia alertas internacionais

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião semanal de seu gabinete de governo, em Jerusalém ocupada, em 10 de dezembro de 2023 [Ronen Zvulun/AFP via Getty Images]

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou na noite deste domingo (31) os planos operacionais para um ataque por terra contra a cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito. As informações são da agência de notícias Anadolu.

Netanyahu insiste que Rafah é o “último bastião do Hamas”, apesar de não apresentar provas, em desafio aos alertas regionais e internacionais das consequências catastróficas de uma invasão militar à cidade, que abriga hoje 1,5 milhão de refugiados — muitos deles deslocados sucessivamente pelos bombardeios de Israel.

Em coletiva de imprensa, antes de ser internado para uma cirurgia de hérnia, celebrou Netanyahu: “Aprovamos os planos operacionais para invadir Rafah”.

Segundo o premiê, “informações obtidas por nossos combatentes em al-Shifa [hospital de Gaza] nos ajudaram a identificar a localidade dos militantes”.

Israel encerrou sua invasão militar ao complexo de al-Shifa e arredores na Cidade de Gaza, nesta segunda-feira (1°), deixando a estrutura em ruínas, após queimar 1.050 residências civis na vizinhança, executar 400 pessoas e sequestrar centenas, incluindo médicos e pacientes.

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A operação durou 15 dias e, apesar de celebrada por Israel como “sucesso”, novamente não trouxe provas para as alegações que supostamente justificariam as violações do direito internacional contra o centro de saúde — isto é, instalação protegida.

Netanyahu, por outro lado, reafirmou: “Entraremos em Gaza e eliminaremos o Hamas. Sem isso, não há vitória”.

Sob pressão internacional sem precedentes, alegou “trabalhar para evacuar os residentes antes de invadir Gaza”, mas prometeu “entrar na cidade apesar da oposição do presidente dos Estados Unidos Joe Biden”.

Sobre a pressão doméstica para priorizar negociações sobre a libertação dos israelenses mantidos em Gaza, declarou o premiê: “Quem quer que diga que eu não faço nada para libertar os reféns está errado e está mentindo”.

Segundo manifestantes que voltaram a tomar as ruas em Israel, Netanyahu mantém a guerra por interesse próprio, sob receio de que um acordo incorra na queda de seu governo e subsequente prisão por seus casos de corrupção.

Netanyahu rejeitou expressamente os apelos da oposição por eleições antecipadas, ao afirmar que tais medidas “paralisariam o Estado por ao menos seis meses”.

O ministro da Justiça, Yariv Levin, assumiu temporariamente o cargo de premiê, enquanto Netanyahu se recupera da cirurgia.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma operação transfronteiriça do braço armado do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de chefes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis

Em Gaza, são 32.845 mortos e 75.392 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Organizações internacionais, incluindo agências das Nações Unidas e o Conselho de Segurança, pedem um cessar-fogo imediato em Gaza, incluindo acesso humanitário. Todavia, sem a anuência de Israel. Segundo a Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), a fome “está por toda a parte”.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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