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Países enviam combustível à ofensiva israelense em Gaza, Brasil está na lista

Refinaria de petróleo de Gwer, em Erbil, no Iraque [Ahsan Mohammed Ahmed/Agência Anadolu]

Diversos regimes árabes estão entre os países e companhias que abastecem a ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza sitiada, ao enviar petróleo e insumos combustíveis ao Estado ocupante, apesar dos quase seis meses de genocídio.

Os dados foram revelados pela rede de monitoramento Oil Change International, ao traçar as correntes de suprimento de petróleo cru e produtos refinados a Israel.

O maior fornecedor de combustível de aviões ao exército israelense é, naturalmente, os Estados Unidos, com três petroleiros enviados ao país desde o início da guerra. Trata-se da vasta assistência deferida por Washington à ocupação, fundamental à continuidade dos bombardeios indiscriminados à infraestrutura civil de Gaza.

Azerbaijão e Cazaquistão são outros dois países alinhados com Israel que servem de fornecedores de boa parte do petróleo cru importado pelo país desde o começo de sua ofensiva. Suas remessas implicam diversas empresas, como British Petroleum (BP), Chevron, Exxon, Shell e Eni, seja no transporte ou na gestão de gasodutos.

Outra fonte crucial às importações energéticas de Israel é o gasoduto Sumed, que recebe volumes “pequenos, porém regulares” de combustível de diversos Estados árabes, como Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Todos esses regimes se dizem contrários às atrocidades israelenses em Gaza.

A Rússia tampouco cortou seu abastecimento, ao fornecer um fluxo contínuo de gasóleo de vácuo (VGO), refinado em Haifa para se tornar gasolina e óleo diesel.

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O Brasil também está na lista, com duas remessas de petróleo cru estimadas em 260 mil toneladas, enviadas a Israel desde dezembro, apesar da retórica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva contra o genocídio em Gaza.

Segundo as informações, o petróleo brasileiro foi encaminhado ao Estado ocupante a partir de instalações da estatal Petrobrás na bacia continental, que possuem participação das multinacionais Shell e Total Energies.

Outros países estão implicados, à medida que a demanda israelense bate recordes sob economia de guerra.

As exportações não somente contradizem alegações de diversos governos, como ignoram apelos de ativistas por direitos humanos por um embargo a Israel, ao cessar todas as remessas à ocupação até que se encerre o genocídio em Gaza.

“Países, assim como empresas de petróleo e gás natural, têm de ser responsabilizados por seu papel em perpetuar a violência e as violações de direitos humanos”, alertou o relatório.

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Allie Rosenbluth, gestora de programa nos Estados Unidos para a Oil Change International, observou que tais países e corporações “estão alimentando a máquina de guerra israelense” e são, portanto, “cúmplices do genocídio em curso contra os palestinos”.

“Pedimos às nações que usem sua oferta de petróleo para reivindicar um cessar-fogo imediato e dar fim à ocupação”, acrescentou Rosenbluth. “Empresas de combustíveis fósseis, como BP, Chevron e Exxon, movidas unicamente pelo lucro, estão dispostas a abastecer a violência contra civis inocentes. Isso precisa acabar agora! Exigimos um cessar-fogo permanente e fim da ocupação na Palestina”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.923 mortos e 74.096 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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