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FBI mantém muçulmanos sob vigilância, revela organização de direitos civis

Protesto em frente à Casa Branca em solidariedade ao povo palestino, em Washington DC, Estados Unidos, 12 de fevereiro de 2024 [Celal Gunes/Anadolu via Getty Images]
Protesto em frente à Casa Branca em solidariedade ao povo palestino, em Washington DC, Estados Unidos, 12 de fevereiro de 2024 [Celal Gunes/Anadolu via Getty Images]

Muçulmanos nos Estados Unidos estão submetidos a vigilância intensa e mesmo interrogatórios arbitrários nas mãos do Departamento Federal de Investigação (FBI), desde a deflagração do genocídio israelense em Gaza, sob uma atmosfera de novo macartismo no país contra protestos e ativistas pró-Palestina.

A perseguição foi reportada pelo Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR).

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Dina Chehata, advogada do escritório de Los Angeles do CAIR, reportou que, desde outubro, sua equipe “recebeu numerosas queixas de membros das comunidades árabe, palestina e muçulmana no sul da Califórnia [relatando] contatos diretos de agentes do FBI, seja por telefone ou em suas casas, a fim de interrogá-los”.

Chehata denunciou instâncias de “vigilância e interrogatório da comunidade”, ao confirmar abusos da polícia federal e das autoridades locais.

Segundo as denúncias, os policiais costumam “questionar membros da comunidade se apoiam o Hamas, se apoiam a violência na região e qual sua opinião sobre Hamas e Israel”.

As informações levam a crer, prosseguiu Chehata, que “muitas pessoas de nossa comunidade estão sob vigilância constante do FBI”. No entanto, advertiu: “Muitos casos não foram diretamente reportados a nós. Sabemos, portanto, que os números não representam a realidade. Muitas outras pessoas estão sendo monitoradas”.

“Emitimos um alerta à nossa comunidade para permanecer vigilante à medida que notamos relatos consecutivos de interrogatórios e abusos sobre cidadãos palestinos nas últimas semanas”, acrescentou Chehata, ao alertar para violações de direitos civis.

Nos cinco meses de genocídio israelense em Gaza, potências ocidentais mantêm apoio incondicional ao Estado ocupante. O presidente democrata Joe Biden costuma incorrer em discursos de incitação racista ou propaganda de guerra a favor de Israel, apesar da escalada nos casos de crimes de ódio contra a comunidade islâmica.

Casos de islamofobia nos Estados Unidos incluem o assassinato a facadas de um menino palestino-americano em Illinois, pelo locatário de seu apartamento, e disparos a arma de fogo contra três estudantes em Vermont — um deles, ficou paralisado.

A vigilância ativa contra palestinos, árabes e muçulmanos representa uma nova ameaça às minorias no país, ao revelar um novo viés discriminatório das instituições.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

No entanto, reportagens investigativas do jornal israelense Haaretz mostraram que parte considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de líderes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Em Gaza, são 31.923 palestinos mortos e 74.096 feridos, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

LEIA: Em meio ao genocídio em curso em Gaza, artistas argentinos expressam solidariedade à Palestina

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