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Israel sugere empurrar palestinos de Rafah a ‘ilhas humanitárias’

Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, visita tropas ocupantes nos arredores de Rafah, na Faixa de Gaza, em 13 de março de 2024 [Ariel Hermoni/Agência Anadolu]
Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, visita tropas ocupantes nos arredores de Rafah, na Faixa de Gaza, em 13 de março de 2024 [Ariel Hermoni/Agência Anadolu]

O exército israelense aventou planos de empurrar uma parcela considerável dos 1.4 milhões de palestinos radicados em Rafah, no extremo sul de Gaza, a “ilhas humanitárias” no centro do enclave, como preparativo a uma invasão por terra à cidade na fronteira com Egito.

Segundo Daniel Hagari, porta-voz das Forças Armadas, a transferência compulsória dos deslocados em Rafah, a áreas pré-estabelecidas pelas autoridades ocupantes, ocorrerá em coordenação com agentes internacionais, como parte dos preparativos para a operação em campo.

Israel insiste que o Hamas mantém quatro batalhões em Rafah, na tentativa de justificar os ataques à cidade apesar de apelos contrários da comunidade internacional.

O Estado ocupante não apresenta provas a suas alegações, após uma varredura infrutífera em direção norte-sul, que destruiu 70% da infraestrutura civil de Gaza.

Segundo Hagari: “Precisamos assegurar que as pessoas em Rafah, ou ao menos uma parte considerável delas, se movam. Para onde? Ilhas humanitárias que nós criaremos”.

Hagari prometeu fornecer abrigo temporário, alimentação, água e outras necessidades aos palestinos radicados nas áreas em questão.

Todavia, não confirmou a evacuação de Rafah, tampouco um cronograma de ataque. Conforme o porta-voz, Israel espera o “momento apropriado”, em suposta coordenação com o regime egípcio do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi.

O Egito rejeita planos israelenses para deslocar os palestinos de Gaza ao deserto do Sinai.

Rafah, originalmente com 300 mil habitantes, foi inundada por tendas improvisadas e deslocados do norte, que fogem dos bombardeios de Israel. O destino da cidade tornou-se foco de apreensão de aliados israelenses e grupos humanitários, que alertam para um novo desastre humanitário.

Rafah é também o principal ponto de acesso da assistência a Gaza, restrita severamente por Israel apesar de uma epidemia de fome.

O premiê israelense Benjamin Netanyahu afirma que a ofensiva a Rafah é crucial a sua “vitória”. Analistas apontam para interesses próprios, à medida que um recuo ou cessar-fogo deve incorrer no colapso de seu governo.

Nos últimos cinco meses, Israel instruiu os palestinos a deixarem suas residências e se instalarem em supostas “zonas seguras”. No entanto, avançou contra as cidades sem poupar abrigos, hospitais, escolas ou rotas de fuga.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.272 mortos, 73.024 feridos e dois milhões de desabrigados. Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

LEIA: A ajuda humanitária é uma ferramenta genocida nas mãos de Israel e dos EUA

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