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Ministro britânico pede ‘explicações’ sobre médicos torturados por Israel em Gaza

Bebê prematuro no Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, Gaza, 11 de março de 2024 [Karam Hassan/Agência Anadolu]
Bebê prematuro no Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, Gaza, 11 de março de 2024 [Karam Hassan/Agência Anadolu]

O governo do Reino Unido admitiu nesta terça-feira (12) que é preciso um inquérito e uma explicação sobre os relatos de que soldados israelenses despiram e agrediram trabalhadores de saúde durante sua invasão ao Hospital Nasser na Faixa de Gaza, em fevereiro.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Andrew Mitchell, ministro de Relações Exteriores para Desenvolvimento Internacional, citou denúncias de médicos e enfermeiros de Gaza, divulgadas pela estatal BBC, de que foram vendados, despidos, detidos e mesmo espancados por forças da ocupação.

“Penso que precisamos de uma investigação e explicação sobre a matéria e é isso que nosso governo está reivindicando”, alegou Mitchell à Câmara dos Comuns.

Questionado sobre a decisão de Londres de cortar financiamento à Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), devido a uma campanha de desinformação israelense, Mitchell defendeu a decisão e afirmou esperar um relatório interino sobre a “neutralidade” da agência.

“Estamos fazendo tudo que podemos para aumentar a assistência a Gaza”, insistiu o ministro.

Em 26 de janeiro, dezoito países acompanharam a decisão dos Estados Unidos de cortar doações à UNRWA, após Israel acusar 12 funcionários — de um contingente de 30 mil pessoas — de participar da ação do Hamas em 7 de outubro.

Os cortes americanos prevaleceram desde então, apesar de Israel não emitir quaisquer

detalhes ou evidências para as acusações.

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma investigação e exonerou funcionários

da agência. Em resposta, Suécia e Canadá prometeram retomar as remessas.

Mitchell também reafirmou a posição de seu governo contra um cessar-fogo. “O problema em pedir um cessar-fogo imediato é que nenhum lado quer isso e, portanto, não ajuda”, argumentou o ministro, ao ignorar propostas do movimento Hamas, rejeitadas sem negociação por Israel, no último mês.

Mitchell defendeu em seu lugar uma “pausa humanitária”, a fim de possibilitar a “saída dos reféns e a entrada de ajuda”.

Sobre os assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados, Mitchell disse que seu governo espera de Israel que “suspenda” a expansão dos colonatos ilegais e responsabilize indivíduos que cometam violência contra os palestinos.

“É por isso que sancionamos colonos extremistas”, apontou o ministro.

Para Mitchell, Israel deve evitar prejuízos aos prospectos de estabilidade e segurança na Cisjordânia e proteger — como potência ocupante — a população civil.

Mitchell sugeriu ainda que o governo israelense “não é contrário” a um Estado palestino, apesar de declarações expressas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu neste sentido.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 30 mil mortos, 70 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

Na Cisjordânia, são 420 mortos, 4.600 feridos e 7.530 presos arbitrariamente em cinco meses. Palestinos encarcerados, em maioria, continuam em custódia sob a chamada detenção administrativa, sem julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

LEIA: Rota marítima a Gaza é insuficiente diante da crise, alerta ONU

 

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