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Diante de fome em Gaza, Suécia retoma financiamento a UNRWA

Sede da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) destruída por ataques israelenses à Cidade de Gaza, em 11 de fevereiro de 2024 [Karam Hassan/Agência Anadolu]

A Suécia confirmou neste sábado (9) suspender seu congelamento aos envios financeiros à Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), após emergirem alertas de uma “fome iminente” em Gaza no Conselho de Segurança.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Estocolmo prometeu, a princípio, aproximadamente US$20 milhões à agência, após receber garantias de monitoramento sobre gastos e pessoal.

“O governo alocou 400 milhões de coroas [cerca de US$38.7 milhões] à UNRWA em 2024”, declarou o governo do Estado nórdico em comunicado. “A decisão de hoje envolve o pagamento preliminar de 200 milhões de coroas [US$19.4 milhões]”.

Segundo a nota, a agência prometeu “permitir controle e auditorias independentes e fortalecer a supervisão interna e averiguações adicionais a seus funcionários”.

O corte foi realizado em coro por potências ocidentais — incluindo Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e Austrália — após Israel divulgar alegações sem provas de que 12 funcionários da UNRWA, dentre um contingente de 30 mil pessoas, estiveram envolvidos nos ataques transfronteiriços do grupo Hamas, em 7 de outubro.

No início de março, a Comissão Europeia aprovou €50 milhões (US$54.7 milhões) à UNRWA, sinalizando que a acusação israelense carece de embasamento.

LEIA: Fome se alastra em Gaza, em meio a ataques a comboios e recusa de Israel

Na sexta-feira (8), o governo canadense juntou-se à retomada, ao citar a crise humanitária em Gaza, após enfrentar semanas de protestos em casa.

Nesta semana, o ministro de Relações Exteriores da Noruega, Espen Barth Eide, instou a comunidade internacional a defender a agência, ao advertir em nota: “Agora é precisamente o pior momento para suspender a assistência à UNRWA”.

“Caso as decisões não sejam revertidas, corremos grave risco de piorar ainda mais a crise humanitária em Gaza”, acrescentou Oslo.

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, acusou Israel de avançar em seu “objetivo político de longa data” de desmantelar a agência, sob o pressuposto de que estaria eliminando assim a questão dos refugiados palestinos e seu subsequente direito de retorno.

“Neste instante, lidamos com uma campanha concentrada e ampla cujo intuito é destruir a UNRWA”, declarou Lazzarini em entrevista concedida ao jornal suíço Tages-Anzeiger.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 30.900 mortos, 72.500 feridos e dois milhões de desabrigados. Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.

Na semana passada, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou ao Conselho de Segurança para “fome iminente em Gaza”, ao solicitar ações urgentes para responder ao desastre humanitário. Membros da instituição acusaram Israel de usar a fome como “arma de guerra”.

Ao menos 576 mil palestinos — isto é, um quarto da população de Gaza — estão “a um passo da inanição”, comentou Ramesh Rajasingham, diretor do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em informe à imprensa.

Especialistas em segurança alimentar alertam para um “colapso completo da agricultura” no norte de Gaza até o mês de maio, caso as condições persistam.

“Lamentavelmente, por mais sinistra que seja a situação hoje, vemos todas as chances de uma deterioração ainda maior”, concluiu Rajasingham.

Vinte e três crianças morreram de fome nas últimas semanas.

Apesar de uma medida cautelar deferida pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, Israel mantém seu cerco absoluto a Gaza — sem comida, água, combustível ou medicamentos. Lançamentos por ar realizados por Estados Unidos e países árabes são descritos como insuficientes e degradantes aos palestinos de Gaza.

Ao promover sua campanha, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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