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‘Detenção administrativa’ de Israel bate recordes com quase 3.500 presos

Protesto em solidariedade aos presos políticos nas cadeias de Israel, na Cidade de Gaza, em 9 de agosto de 2023 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

O número de palestinos em detenção administrativa — sem julgamento ou sequer acusação — decolou a 3.484 presos políticos, incluindo 40 crianças e 11 mulheres, conforme comunicado da Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (SPP), ong que monitora os direitos humanos nas cadeias da ocupação israelense.

Segundo a nota, há um surto considerável no aprisionamento da população nativa no contexto atual, superando os encarceramentos registrados durante a Primeira Intifada, no fim da década de 1980 e começo dos anos de 1990, cujos números orbitaram entre oito e dez mil presos.

Desde 7 de outubro, no entanto, Israel prendeu mais de seis mil pessoas, ao dobrar — em certo momento — a população carcerária palestina.

Desde a deflagração do genocídio em Gaza, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados, autoridades ocupantes deferiram quase 3.500 mandados de detenção administrativa, incluindo novas ordens e renovações.

O mês de novembro bateu recordes, com 1.120 mandados de detenção administrativa. Até 7 de outubro, os índices registrados eram de aproximadamente 1.320 presos.

LEIA: Testemunhos confirmam tortura de palestinos nas cadeias de Israel

A política arbitrária, herdada do colonialismo britânico, é usada por Israel como forma de opressão e controle dos palestinos e sua narrativa, ao alvejar ativistas, jornalistas e indivíduos comuns, incluindo crianças e idosos.

Palestinos eventualmente libertados, após semanas de prisão, exibiram ainda sinais de tortura, como mãos e pés inchados devido a espancamentos, eletrochoques e posições de estresse. Os relatos incluem prisioneiros despidos e forçados a dormir no chão sob o inverno.

A Anistia Internacional rechaça o uso de detenção administrativa por Israel como “cruel e ilegal”, ao descrevê-lo como violação do devido processo e do direito a um julgamento justo.

“O aumento nos índices de detenção administrativa sugere que Israel usa este mecanismo, sem julgamento ou acusação, como seu primeiro recurso, em vez de última instância”, explicou Philip Luther, membro da Anistia.

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos também expressou apreensão sobre o uso da detenção administrativa como “prática regular”, ao instar a ocupação israelense “a respeitar integralmente a lei de direitos humanos internacionais”.

Israel recorre ao pretexto de “segurança” para julgar e condenar em massa os palestinos nativos em tribunais militares, com base em “evidências secretas”, em franco detrimento do direito dos réus a um processo justo e transparente.

A campanha de prisão israelense nos territórios ocupados de Jerusalém e Cisjordânia coincide com o genocídio em Gaza, que deixou 27.947 mortos e 67.459 feridos até então — na maioria, mulheres e crianças —, além de dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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