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‘Além da catastrófica’, alerta Cruz Vermelha sobre fome em Gaza

Palestinos buscam comida em pontos de doação de Rafah, na Faixa de Gaza, em 26 de janeiro de 2024 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho advertiu a comunidade internacional sobre a dimensão da crise humanitária na Faixa de Gaza, ao reafirmar que a fome alcançou níveis “além de catastróficos”.

O envio insuficiente de socorro humanitário e o colapso do sistema de saúde agravam a fome, destacou Tommaso Della Longa, porta-voz da entidade, à agência Anadolu, ao comentar sobre o cerco militar israelense em meio aos incessantes bombardeios.

“Há alguma ajuda e alguns caminhões entrando na Faixa de Gaza. A questão agora é: isso basta? Não, não basta. O número de caminhões deveria ser muito maior”, insistiu Della Longa.

O oficial lamentou a insegurança de acesso sob os ataques de Israel, ao enfatizar: “Penso que a situação humanitária em Gaza é além de catastrófica”.

Para suprir as demandas da população carente, é preciso um volume muito superior, prosseguiu.

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Assistência humanitária chega a Gaza sob um acordo entre as partes relevantes, com mediação de agentes regionais e internacionais. “É claro, porém, que precisamos de mais e mais esforços diplomáticos. Primeiro e mais importante, é preciso cessar os combates para criar áreas seguras de ajuda humanitária, capazes de alcançar a totalidade do território”.

Della Longa alertou que o norte de Gaza, de onde centenas de milhares de pessoas fugiram sob ordens e ataques israelenses, está basicamente inacessível, de modo que “a situação de saúde é extremamente preocupante”.

Segundo o oficial, a Cruz Vermelha faz o que pode para colaborar com os Crescentes Vermelhos do Egito e da Palestina, mas mantém apreensões informadas às partes.

“Quero lembrá-los que o único instante no qual conseguimos aumentar o número de remessas foi durante a trégua que aconteceu em Gaza”, comentou. “Penso que é um sinal da importância de buscar um acordo político, para que os trabalhadores humanitários cumpram sua função”.

Sobre o risco de que todos os hospitais de Gaza deixem de operar, respondeu: “É claro, o risco é iminente. E quando falamos que menos de 30% das instalações de Gaza estão mal funcionando, isso já diz muito sobre o fato de que o sistema de saúde está em colapso ou quase colapso”.

Della Longa exaltou os esforços dos médicos e enfermeiros ainda em Gaza: “Sem eles, qualquer outro sistema de saúde do mundo já havia desmoronado”.

No entanto, advertiu: “O sistema de cuidados médicos está em estado crítico”.

Em aparente alusão a ataques israelenses à infraestrutura civil, preconizou Della Longa: “É claro, temos de destacar a todas as partes que hospitais, ambulâncias e trabalhadores médicos devem ser protegidos e respeitados”

Conforme seu alerta, a situação se agrava a cada instante: “Nas últimas semanas e meses, para um pai ou uma mãe encontrar leite a seus bebês ou mesmo comida às crianças se tornou algo dificílimo ou mesmo impossível”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há 120 dias, deixando ao menos 27.708 mortos e 67.147 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

“Eles tiveram de abandonar suas casas sem nada nas mãos”, concluiu o oficial da Cruz Vermelha. “Foram deslocados cinco, seis vezes. Não há lugar onde consigam encontrar o que precisam. A comida é um enorme problema, assim como água, proteção e saúde”.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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