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Reino Unido aprova US$7 milhões para iniciativa de ensino de doutrinação sionista

Protesto em frente à sede do Partido Trabalhista britânico, em Londres, 4 de setembro de 2018 [Jack Taylor/Getty Images]

Uma iniciativa pró-Israel, estimada em £5.5 milhões (US$6.9 milhões), foi lançada pelo governo do Reino Unido nesta terça-feira (7), com o objetivo de difundir entre estudantes a “definição de trabalho” da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA) sobre antissemitismo, que associa o racismo antijudaico a críticas legítimas à ocupação israelense na Palestina histórica.

O conceito adotado pela IHRA é denunciado por seu viés ideológico, como forma de censura às vozes palestinas.

Londres justificou a medida como maneira de combater o suposto antissemitismo no setor da educação. Segundo o website do governo, o Departamento de Ensino busca firmar um contrato de US$6.9 milhões com fornecedores privados para levar o programa a escolas e universidades.

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O processo de concessão começa em 7 de março, separado em dois lotes: o primeiro, a fim de desenvolver o programa e suas iniciativas, com base nas alegações antipalestinas da IHRA como diretriz básica. O segundo é a implementação, incluindo treinamento das equipes nas escolas e atividades destinadas aos alunos.

Há preocupações de doutrinação ideológica por parte do governo conservador no Reino Unido, de modo a favorecer difamações de “antissemitismo” contra eventuais dissidentes e críticos do apartheid israelense.

Nesta semana, contudo, a IHRA sofreu um golpe, quando uma corte trabalhista de Bristol julgou favoravelmente ao professor David Miller, ao confirmar que “crenças antissionistas se qualificam como crença filosófica de caráter protegido”.

Miller processou a Universidade de Bristol ao ser demitido, vítima de uma campanha tóxica de supressão do discurso, à medida que instituições britânicas passaram a adotar os controversos termos da IHRA.

O professor venceu a causa, de modo a criar jurisprudência sobre a matéria.

Miller tornou-se alvo por se especializar em ameaças à democracia impostas por lobbies corporativos, incluindo o papel das organizações sionistas em alimentar a islamofobia.

A Universidade de Bristol assumiu integralmente a “definição de trabalho” em 2019, três anos antes de demiti-lo.

A vitória de Miller chocou o lobby sionista no Reino Unido, ao criar fissuras no uso de alegações infundadas de antissemitismo com base na definição da IHRA, por exemplo, ao ostracizar figuras de liderança do Partido Trabalhista por posicionamentos estritamente políticos.

Israel intensificou sua campanha de perseguição política no exterior ao tratar como um surto de “antissemitismo” denúncias legítimas contra o genocídio conduzido por suas forças coloniais na Faixa de Gaza, nos últimos 120 dias.

Em Gaza, são 27.708 mortos e 67.174 feridos até então. Cerca de 85% da população foi deslocada à força e 60% da infraestrutura civil do enclave foi destruída, conforme dados das Nações Unidas.

O enclave palestino é descrito por ativistas e sobreviventes como campo de concentração a céu aberto. As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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