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‘Houthis não são o problema, mas sim a agressão israelense’, alerta Malásia

Primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, em 18 de dezembro de 2023 [Eugene Hoshiko/Bloomberg via Getty Images/AP Photo]
Primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, em 18 de dezembro de 2023 [Eugene Hoshiko/Bloomberg via Getty Images/AP Photo]

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, informou nesta sexta-feira (2) ter discutido com oficiais egípcios formas de ampliar o acesso humanitário a Gaza através da travessia de fronteira de Rafah. Ibrahim destacou a necessidade de priorizar a catástrofe humanitária imposta ao povo palestino, e não discussões políticas sobre um ou outro grupo de resistência.

Ao comentar a escalada de tensões no Mar Vermelho, Ibrahim reiterou que o problema não é o embargo instaurado pelo grupo iemenita houthi a navios ligados a Israel, mas sim a persistente ofensiva da ocupação contra a população civil da Faixa de Gaza.

Ibrahim reafirmou que os serviços de segurança de seu país mantêm-se em alerta máximo, em particular, diante da possibilidade de operações voltadas ao assassinato de líderes palestinos, ao advertir contra quaisquer violações a seu território.

Apoio malaio a Gaza

Em dezembro de 2023, a Malásia anunciou em nota que o gabinete do primeiro-ministro baniu quaisquer barcos de bandeira israelense ou com destino a Israel de seus portos.

Segundo decreto, tratou-se de “resposta às ações de Israel [em Gaza], que ignoram os princípios mais básicos de humanidade e violam o direito internacional, ao insistir em realizar massacres e outras atrocidades contra os palestinos”.

Em comunicado mais recente, o premiê malaio saudou a África do Sul por sua denúncia de que Israel comete genocídio em Gaza, apresentada ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia. Afirmou Ibrahim: “A Malásia reitera firmemente seu pleno apoio ao trabalho da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, contra a tirania, em favor da justiça”.

Ibrahim também criticou a cumplicidade dos regimes ocidentais e a impunidade concedida a Tel Aviv, diante das sucessivas chacinas conduzidas em Gaza.

Na rede social X (Twitter), alertou Ibrahim: “Estados ocidentais continuam a lavar as mãos sobre as atrocidades cometidas pela ocupação israelense, tornando-se cúmplices de atos insidiosos e crimes de lesa-humanidade … mesmo que a ampla maioria da comunidade internacional tenha condenado veementemente tais ações cruéis e genocidas”.

“A recente onda de massacres brutais de palestinos inocentes nada mais é que uma extensão de sete décadas de opressão e tirania, ao manifestar com clareza o ódio, a repulsa e o antagonismo do regime israelense diante do povo palestino”, acrescentou.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação à Operação Tempestade de Al-Aqsa — ação transfronteiriça que capturou 253 colonos e soldados.

Segundo índices israelenses, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. No entanto, desde então, uma reportagem investigativa do jornal Haaretz revelou que boa parte das vítimas foi executada por “fogo amigo”, sob ordens diretas do exército para impedir a captura de reféns.

Em menos de 120 dias, Israel matou, no entanto, 27 mil palestinos de Gaza e feriu outros 66 mil, em ampla maioria mulheres e crianças. Nas últimas 24 horas, foram 112 mortos. Milhares, não obstante, continuam desaparecidos sob os escombros — provavelmente mortos.

Aeronaves israelenses não pouparam escolas, hospitais, abrigos ou mesmo rotas de fuga. Cerca de 85% da população de Gaza — ou dois milhões de pessoas — estão desabrigadas.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

LEIA: O que é a UNRWA e por que Israel está tentando fechá-la?

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