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Plano do Egito para reformar pirâmides com granito é alvo de críticas

Pirâmides de Gizé, incluindo Quéops, uma das Sete Maravilhas do Mundo, no Egito, em 12 de outubro de 2023 [Murat Gök/Agência Anadolu]

Obras de restauração conduzidas por autoridades egípcias em parceria com o Japão sobre uma das pirâmides de Gizé incitou indignação no público, após se confirmar que o marco antigo será revestido com granito.

As obras, previstas para durar três anos, foram condenadas tanto por usuários das redes sociais quanto por especialistas, apesar de celebradas por Mostafa Waziri, chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do país, como “projeto do século” e “presente do Egito ao século XXI”.

Segundo o oficial, as obras de renovação da Pirâmide de Miquerinos, a menor das três grandes pirâmides de Gizé, serão feitas para permitir aos turistas ver a estrutura de cinco mil anos como era nos tempos antigos, incluindo um revestimento de granito que se perdeu com o tempo.

A ideia é que a missão binacional escave cautelosamente blocos que caíram de Miquerinos para reinstalá-los. O governo afirma que itens de valor histórico podem ser encontrados no processo, em torno ou ao redor da pirâmide.

Em vídeo postado no Facebook, Waziri aparece em frente a Miquerinos — local de descanso do faraó homônimo — com operários escavando a areia junto à base da estrutura, aparentemente já revestida com blocos de granito.

Todavia, a egiptóloga Monica Hanna contestou a decisão à rede Independent Arabia: “Quando é que vamos parar com esse absurdo de manejar o patrimônio do Egito? Interferir na natureza do monumento pode causar não apenas problemas visíveis, como graves danos”.

Salima Ikram, egipóloga da Universidade Americana do Cairo, crê que o projeto pode funcionar apenas “se as rochas utilizadas forem aquelas encontradas na região, sem adicionar outras que não pertençam à pirâmide”.

Zahi Hawass, egiptólogo e ex-ministro de Antiguidades, comentou o caso ao semanal Al-Ahram, ao argumentar que monitorar os blocos que se soltaram é uma boa “ideia”, mas que requer um comitê técnico de cientistas e especialistas.

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“Recomendo, contudo, não remover quaisquer blocos caídos de sua localidade atual e preservar o caráter da pirâmide mantido há séculos”, acrescentou Hawass.

O Egito vive uma crise socioeconômica há anos e depende dos recursos de turismo. O regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi conduz diversos megaprojetos, muitos deles ligados a empreendimentos militares.

A população alerta que há questões mais urgentes.

Uma estrada que incorreu na destruição de milhares de túmulos mamelucos, em um cemitério reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no quarteirão islâmico do Cairo, incitou indignação previamente.

Reformas do governo sobre santuários xiitas nas zonas históricas da capital também atraíram ira de cidadãos por mudanças significativas.

ASSISTA: Egito nega que suas pirâmides foram construídas por extraterrestres 

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