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Grupo de direitos civis reporta pico em atividade do FBI contra ativistas pró-Palestina

Escritório do Departamento Federal de Investigação (FBI) em Washington D.C., 3 de julho de 2023 [Celal Günes/Agência Anadolu]

A organização Palestine Legal alertou que o Departamento Federal de Investigação (FBI), agência de segurança e inteligência doméstica dos Estados Unidos, intensificou ações de interrogatório e vigilância contra ativistas pró-Palestina, com base em suas atividades nas redes sociais.

“Recebemos diversos relatos de agentes do FBI visitando ativistas devido a postagens criticando o genocídio conduzido por Israel na Faixa de Gaza”, destacou o grupo de direitos civis no Twitter (X), ao instar vítimas de assédio a reafirmar seus direitos quando abordadas pela polícia.

“Os ataques discriminatórios do FBI contra pessoas que defendem os direitos palestinos online são uma tentativa de intimidar e censurar a oposição popular às políticas de Israel”, acrescentou a nota. “Ativistas têm o direito de condenar o apartheid e o genocídio. Têm também o direito de se recusar a falar com o FBI sem a presença de um advogado”.

Segundo os relatos, agentes do FBI bateram à porta de diversos ativistas com cópias impressas de tuítes, posts no Facebook ou prints do TikTok, incluindo imagens das crianças mortas pelos ataques de Israel.

O Comitê Árabe-americano Antidiscriminação confirmou ter documentado um pico nos esforços de questionamento policial contra muçulmanos, árabes e palestinos no último ano, ao advertir para “táticas de intimidação do Estado”, cujo intuito é reprimir a dissidência.

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As organizações alertam aos ativistas para falar com agentes federais apenas na presença de um advogado, além de denunciar incidentes de assédio e registrar queixas por violações de direitos constitucionais.

À medida que a solidariedade palestina tomou as ruas e redes em todo o mundo, governos no Ocidente — como a Casa Branca de Joe Biden, à véspera de uma campanha eleitoral — se viram sob críticas por tentar censurar ou difamar vozes progressistas.

Uma reportagem da rede The Intercept revelou que grupos de direitos civis notaram um pico do policiamento desde 7 de outubro de 2023, incluindo mesquitas vigiadas e indivíduos abordados sem alerta prévio, mandado ou suspeita.

De acordo com os relatos, agentes federais questionaram lideranças islâmicas sobre potenciais “causadores de problemas”

O pico de escrutínio contradiz análises do Departamento de Segurança Doméstica que insistem em negar ameaças específicas em solo americano que estejam ligadas ao conflito em Gaza. De acordo com autoridades, o monitoramento cobre incidente islamofóbicos e antissemitas.

Ativistas, contudo, denunciam discriminação de caráter étnico e religioso, incitando o receio e a vulnerabilidade nas comunidades árabes e muçulmanas, vítimas de crimes de ódio nos últimos três meses.

Segundo as denúncias, o clima de perseguição remonta ora ao macarthismo da Guerra Fria, ora à repressão pós-11 de setembro de 2001, quando o governo americano adotou uma política de “Guerra ao Terror”.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro. Números atualizados nesta quarta-feira (24) pelo Ministério da Saúde local apontam ao menos 25.700 mortos e 63.740 feridos. Dois milhões de pessoas foram desabrigadas, com 60% da infraestrutura civil destruída.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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