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“Que crimes de guerra Israel ainda não cometeu em Gaza?”, pergunta deputado brasileiro

O deputado brasileiro Padre João faz um discurso no congresso brasileiro em janeiro de 2024 [Lucas David]

O deputado brasileiro Padre João e vários de seus colegas legisladores pediram ao Ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira que trabalhe para interromper o genocídio de Israel contra os palestinos em Gaza e cancelar todos os acordos com o estado de ocupação, especialmente os acordos militares.

Vieira recebeu uma carta assinada por 60 parlamentares pedindo ao presidente Lula da Silva que “adote” medidas mais rigorosas para confrontar o genocídio promovido por Israel contra o povo palestino e agir com força para acabar com a ocupação e o apartheid de Israel.

Além disso, os deputados brasileiros pediram ao governo que “cancele os acordos de cooperação militar com Israel em áreas como tecnologia, defesa, segurança pública, aviação civil, segurança cibernética e saúde”.

O ministro das Relações Exteriores confirmou que o governo brasileiro “não implementará nenhuma política de cooperação militar com Israel neste momento” e não dará prosseguimento a nenhum acordo assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “Nossa expectativa é que isso se torne uma posição política e seja formalizado”, acrescentou Vieira.

Entrega da carta ao Ministro Mauro Vieira [Lucas David]

Padre João me contou que deputados de diferentes partidos, mais de 15 embaixadores e representantes de países, autoridades e defensores dos palestinos assinaram uma petição e a entregaram ao ministro Vieira.

“Como parlamentares, pressionamos todos os partidos do mundo, especialmente o Brasil, para que parem o que Israel está fazendo contra a Palestina”, explicou. “Gaza é o maior campo de concentração a céu aberto da história. Estou chocado. Que crimes de guerra Israel ainda não cometeu em Gaza? Estamos indignados diariamente com esses massacres que Israel está realizando contra os palestinos.”

Com relação aos acordos militares entre Brasil e Israel, João disse que o ministro das Relações Exteriores tem que verificar se eles já foram promulgados. “Se sim, é difícil para o governo interferir. Caso contrário, ele disse que levará essa questão diretamente ao presidente Lula.”

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O Congresso brasileiro, ressaltou ele, não tem o poder de interferir nas decisões de outros países. “O que podemos fazer, no entanto, é pressionar o governo brasileiro a tomar medidas para que os massacres cometidos por Israel, que estamos testemunhando em nossas telas em tempo real, possam chegar ao fim.”

Padre João está confiante de que o aumento da conscientização sobre a Palestina na sociedade brasileira está fazendo a diferença.

Universidade Federal do Ceará cancela programa com Israel

A Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, decidiu recentemente cancelar o “Desafio de Inovação Brasil – Israel” em resposta ao ataque militar israelense em curso, que matou mais de 24.000 palestinos em Gaza, a maioria deles mulheres e crianças.

“Denunciamos todos esses crimes ao governo brasileiro e continuamos a buscar todas as alternativas para ajudar os palestinos”, disse João. “Desde 2015, quando fui presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, tenho denunciado todas as atrocidades cometidas por Israel.”

Ao destacar os esforços do Brasil para garantir um cessar-fogo imediato em Gaza, ele lembrou ao mundo que os EUA vetaram a proposta do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. “Isso poderia ter evitado milhares de mortes”. No entanto, ele pediu ao governo brasileiro que “continue buscando alternativas para acabar com a matança de pessoas inocentes em Gaza”.

Representantes da Fepal e da solidariedade à Palestina  [Lucas David]

O legislador também pediu anteriormente que o Brasil apoiasse o caso da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça, solicitando ao presidente Lula que trabalhasse ao lado da África do Sul nessa questão. “O Brasil, como signatário irrestrito da Convenção sobre Combatentes e Prevenção do Crime de Genocídio, tinha que apoiar a República da África do Sul nesse sentido.”

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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