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Bombas, chuva e frio: A tragédia dos refugiados de Gaza

Crianças palestinas perto de tendas provisórias instaladas no pátio de uma escola em Rafah, no sul de Gaza, em 13 de dezembro de 2023 [Mohammed Abed/AFP via Getty Images]

Na província de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza sitiada, chuvas causaram um ataque de pânico a Reem al-Saqqa, deslocada junto de sua família a um dos albergues filiados à Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA).

Reem correu para recolher as roupas que pôs para secar naquela mesma manhã. Aos 36 anos, diante das roupas encharcadas, Reem desabou a chorar, dentro da pequena tenda montada precariamente em uma área aberta de um centro de refúgio.

A um correspondente da agência Anadolu, relatou Reem: “Não temos teto para nos proteger, não temos parede para nos aquecer, a chuva aumenta nossa dor e destrói o pouco que temos”.

“Vivemos em condições trágicas indescritíveis”, acrescentou. “Fomos expulsos de nossa casa, no bairro de al-Rimal de Gaza, e testemunhamos todo tipo de sofrimento. Hoje, as gotas de chuva são mais uma maldição”.

As chuvas se somam ao suplício dos palestinos deslocados, sujeitos a ataques israelenses desde 7 de outubro, deixando um rastro de destruição na infraestrutura civil e uma “catástrofe humanitária sem precedentes”, como descreve a Organização das Nações Unidas (ONU).

Em al-Mawasi, a oeste de Khan Yunis, no sul de Gaza, os refugiados vivem em tendas, praticamente ao relento às vésperas do inverno, que rapidamente se inundaram com as primeiras precipitações.

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Akram al-Ghazali, jovem expulso do norte de Gaza, tenta atenuar seu sofrimento ao cobrir a tenda com peças de nylon. “A chuva encharcou tudo, todos os cobertores e colchões, em questão de minutos. Nós tentamos proteger o pouco que temos, mas sem sucesso”.

“Fomos deslocados de nossas casas em Jabaliya, deixando tudo para trás. Pegamos somente algumas roupas, mas a chuva destruiu tudo. Não sabemos quando vai acabar a guerra, quando vai acabar esse nosso sofrimento; quando poderemos voltar para a casa ou se nossa casa estará de pé”.

Diante do inverno, cresce a urgência por assistência humanitária, em meio a apelos ignorados pelas forças ocupantes e seus aliados ocidentais – como Estados Unidos e países da Europa.

Bilal al-Hato (45) está vivendo com sua família em uma obra, na parte oeste de Deir al-Balah, na área central. “A coisa mais difícil dessa agressão é que enfrentamos tudo de uma única vez: bomba, medo, chuva e frio. É muito mais do que podemos suportar”.

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Bilal sentou-se diante de uma fogueira para tentar se aquecer e cozinhar a escassa comida disponível a sua família, composta por oito pessoas. “De vez em quando, esquecemos da fome com um pouquinho de comida, mas o medo e frio estão além de nosso controle”.

Quase dois milhões de palestinos – de uma população de 2.4 milhões de pessoas – foram expulsas de suas casas na Faixa de Gaza, sob bombardeios israelenses não somente aos bairros residenciais, como também às rotas de fuga e albergues.

Desde 7 de outubro, o exército israelense mantém uma guerra de extermínio contra Gaza, deixando 18.412 mortos e 50.100 feridos, a maioria mulheres e crianças.

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