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Apoio ao Hamas na Cisjordânia triplica em três meses, mostra pesquisa

Ataque israelense a Jenin, na Cisjordânia ocupada, 13 de dezembro de 2023 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Uma pesquisa desenvolvida pelo proeminente pesquisador palestino Khalil Shikaki, diretor do Centro de Censo e Pesquisa Política da Palestina mostrou que o apoio ao movimento de resistência Hamas cresceu de maneira substancial tanto na Cisjordânia ocupada.

Trata-se da primeira pesquisa do tipo desde 7 de outubro, quando combatentes do Hamas cruzaram a fronteira israelense e capturaram soldados e colonos. Israel respondeu com uma guerra de extermínio contra Gaza, deixando 18.412 mortos e 50.100 feridos, a maioria mulheres e crianças.

A pesquisa foi conduzida entre 22 de novembro e 2 de dezembro, com uma amostra de 1.231 adultos, dos quais 750 entrevistados pessoalmente na Cisjordânia ocupada e 481 em Gaza, em 121 localidades randômicas.

Segundo as descobertas, em três meses, o apoio ao Hamas mais do que triplicou na Cisjordânia.

O apoio à Autoridade Palestina (AP) desabou, à medida que demandas por sua dissolução chegaram a 60%, recorde nas pesquisas, dado que a administração política semiautônoma, radicada em Ramallah, parece incapaz de reagir à escalada israelense.

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Pedidos pela renúncia do presidente palestino Mahmoud Abbas chegaram a 90%. Marwan Barghouti, líder alternativo do partido Fatah, no entanto, permanece favorito em um eventual processo eleitoral, acima de Abbas e do candidato do Hamas, Ismail Haniyeh.

O sentimento de insegurança na Cisjordânia ocupada cresceu de 48% a 86% em apenas um trimestre, à medida que o governo israelense arma colonos extremistas que realizam pogroms contra comunidades nativas.

Na Cisjordânia, cerca de 70% da população nativa crê que a luta armada é o melhor caminho para dar fim à ocupação. A maioria crê também que a formação de grupos armados nas comunidades atacadas cotidianamente por colonos é a forma mais eficaz de combater o terrorismo israelense.

Sobre a operação de 7 de outubro, cerca de 72% consideram-na correta, com 82% de apoio na Cisjordânia e 57% em Gaza.

Uma maioria esmagadora (95%) denuncia Israel por crimes de guerra. A mesma maioria contesta as acusações israelenses de “atrocidades” cometidas pela resistência em 7 de outubro.

Em Gaza, dois terços dos entrevistados relataram perder um membro da família.

A maioria (53%) vê a ofensiva israelense como uma guerra de extermínio e limpeza étnica; outros 42% citam vingança. Cerca de 70%, no entanto, destacam que Israel não será bem-sucedido em aniquilar a resistência. Sobre o esvaziamento de Gaza, 85% creem que a ocupação não terá êxito.

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Metade das pessoas tem esperanças de um cessar-fogo nas próximas semanas. Um quarto espera que dure meses. Somente 1% dos palestinos na Cisjordânia creem em uma vitória da ocupação, contra um terço de Gaza – cuja situação é ainda mais dramática. Catorze porcento do total, contudo, crê que não haverá vencedores.

A maioria (52%) culpa Israel pela catástrofe humanitária em Gaza e 26% citaram os Estados Unidos. Hamas e Fatah são responsabilizados por cerca de 10% cada.

Em torno de 85% dos palestinos se declaram favoráveis a uma troca de prisioneiros.

Um índice similar (87%) reitera que a resposta dos Estados Unidos e outros países ocidentais, como França, Alemanha e Reino Unido mostram desprezo à lei internacional. Dois terços não confiam nas promessas de uma “solução de dois Estados”.

O Iêmen é o agente regional mais popular entre os palestinos (80%), devido a sua reação direta contra a agressão israelense, seguido de Catar (56%), Hezbollah (49%), Irã (35%), Turquia (34%), Jordânia (24%) e Egito (23%). Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita pontuam abaixo dos 10%.

Fora do Oriente Médio, China e Rússia são os mais benquistos, com índices acima de 20%. Há grande decepção com a Organização das Nações Unidas, com apenas 6% de aprovação.

O direito internacional prevê a resistência em todas as suas formas como legítima – incluindo a resistência armada.

Quase dois milhões de palestinos – de uma população de 2.4 milhões de pessoas – foram expulsos de suas casas na Faixa de Gaza, sob bombardeios israelenses não somente aos bairros residenciais, como também às rotas de fuga e albergues.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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