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Relembrando a Primeira Intifada

Uma criança palestina atira pedras em um tanque da Força de Defesa Israelense, imagem muito parecida com a da foto icônica de Faris Odeh de outubro de 2000, durante a segunda Intifada [Musa Al-Shaer/AFP]

O quê: A Primeira Intifada

Onde: Cisjordânia e Gaza

Quando: 9 de dezembro de 1987 a 17 de setembro de 1993

O que aconteceu?

A Primeira Intifada, ou revolta palestina, começou em 9 de dezembro de 1987 no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, quando um caminhão do exército israelense colidiu com um carro civil, resultando na morte de quatro palestinos.

As mortes causaram alvoroço e logo os protestos começaram a ganhar força, com a desobediência civil e a resistência sendo a força motriz. As frustrações gerais dos palestinos influenciaram a velocidade da mobilização, com dezenas de jovens desempregados saindo às ruas para protestar contra a violência israelense e o controle total do Estado israelense sobre seu desenvolvimento social, econômico e político.

Os protestos começaram com greves gerais e o boicote às instituições civis israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, com muitos palestinos que viajavam para Israel para trabalhar ou que trabalhavam em assentamentos israelenses participando de um boicote econômico. Isso incluía a recusa em pagar impostos, dirigir carros palestinos com licenças israelenses, trabalhar em empregos não qualificados ou semiqualificados, barricar estradas e – o que viria a definir a resistência palestina – atirar pedras nos tanques e na infraestrutura israelenses.

Israel respondeu com o envio de cerca de 80.000 soldados para dispersar os protestos, o que incluiu a pulverização da multidão com balas e a morte de vários palestinos.

Jovens palestinos fogem de soldados armados israelenses durante a Primeira Intifada, em Al Ram, Cisjordânia, janeiro de 1988 [Caleb Gee/Pinterest]

Jovens palestinos fogem de soldados armados israelenses durante a Primeira Intifada, em Al Ram, Cisjordânia, janeiro de 1988 [Caleb Gee/Pinterest]

Em pouco mais de um ano, 332 palestinos foram mortos, dos quais 53 eram menores de 17 anos, e 12 israelenses morreram. Após a política de atirar para matar adotada pelo exército israelense, os espancamentos tornaram-se comuns, com os soldados israelenses usando cassetetes para literalmente quebrar os ossos dos palestinos.

Atenção. Essa foto foi tirada do site, pode ser por direitos autoriais. Talvez seja o caso de inserir um post em que ela apareça ou cortar

A icônica foto de Faris Odeh atirando uma pedra em um tanque da Força de Defesa de Israel na Faixa de Gaza, em 29 de outubro de 2000. Odeh foi morto 10 dias depois que essa imagem foi tirada

O que aconteceu depois?

Para os israelenses, a intifada foi um lembrete das palavras de seu primeiro primeiro-ministro, David Ben Gurion, que disse em 1938: “Um povo que luta contra a usurpação de sua terra não se cansará tão facilmente”.

No final do conflito, em 1993, 1.489 palestinos e 185 israelenses haviam sido mortos.

A violência e as baixas extremamente desproporcionais do lado palestino provocaram ampla condenação internacional, o que influenciou o Conselho de Segurança da ONU a redigir as resoluções 607 e 608, exigindo que Israel cessasse a deportação de palestinos.

Em 1999, a resolução foi repetida após a condenação da Assembleia Geral das Nações Unidas às ações de Israel durante a intifada.

De 1989 a 1990, os Estados Unidos vetaram continuamente os projetos de resolução do Conselho de Segurança da ONU que deploravam Israel por não cumprir a quarta Convenção de Genebra e por suas violações dos direitos humanos.

A intifada provocou uma cobertura internacional sem precedentes, e a resposta de Israel foi duramente criticada pela mídia.

Ela também teve um grande impacto sobre os setores econômicos de Israel, além de causar grandes perdas ao setor turístico israelense.

A popularidade do líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat, também cresceu como resultado da Primeira Intifada. Arafat obteve a maioria no Conselho Nacional Palestino realizado na Argélia em 1988. Ele passou a reconhecer a legitimidade de Israel e a adotar a solução de dois Estados.

No final da Intifada, em setembro de 1993, começaram as negociações dos Acordos de Oslo. A assinatura dos acordos criaria a Autoridade Palestina, dando autogoverno limitado sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Também reconheceu a OLP como parceira de Israel nas negociações de status permanente em todas as questões que se seguiram.

LEIA: Relembrando a Segunda Intifada.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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