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Reino Unido aprovou propina a oligarcas sauditas, revela julgamento em Londres

Corte Real de Justiça em Londres [Niklas Halle’n/AFP via Getty Images]

O governo britânico facilitou o envio de milhões de libras a oficiais de alto escalão da Arábia Saudita por décadas, a fim de vencer contratos lucrativos, confirmaram nesta segunda-feira (27) advogados representando um ex-funcionário público acusado de corrupção.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Jeffrey Cook, ex-diretor da GPT Special Project Management, subsidiária da Airbus, foi indiciado por pagar quase £9.7 milhões (US$12.2 milhões) a intermediários para obter contratos com a Guarda Nacional Saudita.

Cook, ex-funcionário do Ministério da Defesa, é réu por atos de corrupção realizados no período entre 2007 e 2012, junto de John Mason. Ambos negam as acusações.

Tom Allen, advogado de Cook, alegou aos jurados na Corte Real de Southwark, que os pagamentos remetem ao fim da década de 1970 — “com a supervisão, a aprovação e mesmo o encorajamento de nosso governo”.

O promotor Mark Heywood disse na semana passada que os réus estavam no centro de uma “profunda rede de corrupção”, responsável por pagar propinas a oligarcas sauditas, incluindo o príncipe Miteb Bin Abdullah, filho do falecido rei Abdullah.

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Allen insistiu na segunda-feira que não há dúvida do pagamento de quase £9.7 milhões, mas que seu cliente não agiu ilegalmente. Segundo a defesa, políticos e diplomatas aprovaram as remessas, totalizando £60 milhões desde 1978, através de um arranjo irregular de “negação plausível”, como descreveu um ex-embaixador em Riad.

O caso se concentra na GPT, cujo único negócio era fornecer sistemas de comunicação à Guarda Nacional Saudita conforme contrato com o Ministério da Defesa.

Allen insistiu ao júri que a questão central do julgamento é “quem dança — e como — conforme a música tocada pelos sauditas”.

Se trata e sempre se tratou do governo [britânico] e do Ministério da Defesa. Jeffrey Cook está sendo usado como bode expiatório enquanto o governo se esconde nos arbustos.

declarou o advogado.

Segundo seu relato, “o Reino Unido jamais quis perturbar os sauditas por causa do volume que estava em jogo”, incluindo não apenas contratos econômicos, mas interesses políticos, diplomáticos e militares.

Allen observou ainda que os pagamentos foram expressamente requeridos pela Guarda Nacional Saudita, ao parafrasear: “Se querem fazer negócios, precisam pagar”.

Graham Brodie, advogado de Mason, confirmou o consentimento do Ministério da Defesa — “de acordo com interesses financeiros e, quem sabe, até mais crucial ao governo, de acordo com interesses estratégicos do Reino Unido”.

O julgamento está previsto para ser concluído no próximo ano.

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