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Hollywood: Susan Sarandon e outros sofrem perseguição por rejeitar genocídio em Gaza

Susan Sarandon, atriz americana, vencedora do Oscar, durante protesto em Nova York, em 18 de setembro de 2023 [Susan Sarandon/Instagram]

A atriz americana Susan Sarandon foi dispensada por seus representantes da United Talent Agency (UTA), em meio a uma campanha de perseguição em Hollywood contra artistas que denunciem o genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza.

Um porta-voz da agência confirmou nesta terça-feira (21) o desligamento da atriz de 77 anos após nove anos de contrato.

Sarandon é uma conhecida ativista de causas progressistas e estrela de filmes como Thelma & Louise (1991) e The Rocky Horror Picture Show (1975), vencedora do Oscar por Dead Man Walking (Os Últimos Passos de um Homem, 1995).

Sarandon vem participando dos diversos protestos em solidariedade ao povo palestino e contra os crimes de guerra israelense nos Estados Unidos, ao reivindicar um cessar-fogo, junto de grupos de judeus antissionistas — como o Jewish Voice for Peace, entre outros.

O desligamento da atriz reforça a fissura entre figuras de liderança política e econômica nos Estados Unidos e as demandas populares — com cerca de 60% do público declarando apoio a um cessar-fogo, reivindicação ignorada pelo presidente Joe Biden.

Diante da iminente campanha de difamação, ao discursar em uma manifestação, destacou Sarandon: “É algo terrível quando o antissemitismo é confundido com críticas a Israel. Sou contra o antissemitismo, sou contra a islamofobia”.

A campanha contra Sarandon coincide com uma perseguição política contra trabalhadores da indústria cinematográfica contrários aos bombardeios a Gaza. Progressistas americanos denunciam uma nova onda de “macartismo” em Hollywood.

Na semana passada, Maha Dakhil, co-diretora de Cinema da Creative Artists Agency (CAA), foi coagida a deixar seu cargo de liderança após postar em sua página pessoal do Instagram denúncias de genocídio. Segundo relatos, seu cliente Tom Cruise impediu a demissão.

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Neste mesmo contexto, a produtora Spyglass demitiu Melissa Barrera, protagonista da atual versão da franquia de terror Pânico (Scream), também por postagens no Instagram contra os ataques a Gaza.

A franquia tem futuro incerto, dado que suas colegas de elenco Jenna Ortega e Jasmin Savoy Brown também compartilharam denúncias.

Barrera, de origem mexicana, fez uma postagem ainda antes de ser confirmada a demissão. “No fim do dia, prefiro ser excluída por quem incluo do que incluída por quem excluo”, dizia a publicação.

O estúdio divulgou uma nota difamatória: “A posição da Spyglass é inequivocamente clara. Temos zero tolerância para antissemitismo ou incitação ao ódio [sic], incluindo referências falsas a genocídio, limpeza étnica, o Holocausto ou qualquer coisa que cruze os limites do discurso de ódio [sic]”.

O cofundador da Spyglass é Gary Barber, nascido e criado na África do Sul no período de apartheid.

Desde 7 de outubro, Israel mantém bombardeios intensos contra Gaza, em retaliação a uma ação surpresa do Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados.

São mais de 13 mil mortos em 45 dias, entre os quais 5.500 crianças e 3.500 mulheres, além de 30 mil feridos — cerca de 75% dos quais, crianças e mulheres.

Milhares de edifícios civis, incluindo bairros residenciais inteiros, hospitais, mesquitas, igrejas, escolas e abrigos, foram destruídos ou danificados. Milhares de pessoas estão desaparecidas sob os escombros — provavelmente mortas.

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A Organização das Nações Unidas adverte para a catástrofe humanitária e reivindica um fluxo contínuo de assistência à população carente. Gaza vive um cerco militar israelense desde 2007, incorrendo em grave miséria que antecede 7 de outubro.

Israel, entretanto, intensificou o cerco — sem água, comida, energia elétrica e combustível. Ao promover sua campanha, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos em Gaza como “animais”.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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