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‘Não encontraram nada’, diz médico de al-Shifa sobre invasão de Israel

Pessoas aguardam em frente ao pronto-socorro do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, em 10 de novembro de 2023 [AFP via Getty Images]

Ahmed el-Mokhallalati, médico no Hospital al-Shifa, na Cidade de Guerra, informou nesta sexta-feira (17) que os soldados israelenses que invadiram o maior complexo de saúde do território costeiro “não encontraram nada”, após seis dias de cerco e disparos deliberados contra pacientes e refugiados.

O médico advertiu ainda que o hospital está quase sem água e comida.

Ao conversar por telefone com a agência Reuters, Mokhallalati destacou: “Apesar das difíceis condições em al-Shifa, nenhum bebê morreu desde a invasão dos soldados israelenses nesta quarta-feira”.

Israel invadiu al-Shifa sob o pretexto de um centro de comando do Hamas estaria sediado no subterrâneo do hospital; contudo, sem provas.

Em inglês, reiterou Mokhallalati: “Eles não encontraram nada. Não encontraram um traço sequer de resistência. Nenhum tiro, nada contra eles dentro do hospital”.

“É uma situação totalmente assustadora, tanques e tropas se movendo dentro do perímetro médico, por todo o hospital”, acrescentou o cirurgião nascido na Irlanda, formado no Egito e com vasta experiência em Londres. “A situação é dificílima. Eles atiram a toda hora”.

O hospital superlotado de feridos e deslocados pelos bombardeios israelenses luta há semanas para manter seus serviços, tomando as manchetes globais. Devido ao cerco, pacientes eram operados no escuro, muitas vezes sem sequer anestesia.

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Mokhallalati observou que os soldados trouxeram alguns insumos, porém insuficientes.

“O que aconteceu é que ficamos sem comida, ficamos sem água potável. Então, ontem, arranjaram alguma coisa, alguma água e comida, mas muito, muito pouco, insuficiente sequer, quem sabe, para cobrir 40% do que as pessoas precisam”.

Mohamed Tabasha, diretor de pediatria de al-Shifa, alertou na segunda-feira (13) que três bebês recém-nascidos morreram devido ao cerco israelense à instalação civil e que outros 36 bebês internados no local continuam em risco.

“Até ontem eram 36, com sorte, não perdemos nenhum”, afirmou nesta sexta.

Soldados israelenses invadiram al-Shifa às 2h00 (00h00 GMT) de quarta-feira (15), ao disparar bombas de fumaça no pronto-socorro e nos centros de internação.

Então revistaram e vandalizaram o pronto-socorro, salas de cirurgia e departamentos de cuidados especializados. Pacientes, profissionais e refugiados foram rendidos, vendados, despidos e interrogados no pátio leste.

Após mais de 15 horas dentro do complexo de saúde, soldados exibiram um punhado de armas supostamente encontradas em al-Shifa, sem qualquer sinal de reféns ou líderes do Hamas — suposta justificativa da ação.

Desde 7 de outubro, Israel mantém bombardeios intensos contra a Faixa de Gaza, deixando 11.500 mortos, incluindo 4.710 crianças e 3.160 mulheres, e 30 mil feridos. Ao menos 3.500 pessoas continuam desaparecidas sob os escombros — provavelmente mortas.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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