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“É doloroso ver como o mundo apoia Israel e culpa civis inocentes em Gaza”

Em frente a uma casa destruída em Gaza, a brasileira Shahd Al-Banna pede ajuda ao governo brasileiro. [Shahd Al-Banna]

Olhando para as casas destruídas ao seu redor, Shahd Al-Banna busca ajuda do governo brasileiro e de pessoas de todo o mundo para que parem a agressão israelense a Gaza. A estudante brasileira de 18 anos diz que há uma catástrofe humanitária e sanitária no enclave sitiado, sem eletricidade, alimentos e água.

“Virou de cabeça para baixo! Destruição por toda a parte e matança impiedosa de civis. Eles vão atacar um bairro próximo de nós em breve”, disse Shahd ao MEMO. “A situação é muito perigosa. As pessoas só querem uma vida normal! Os palestinos em Gaza não têm os direitos humanos mais básicos, como alimentação, água, eletricidade, combustível. E com as guerras lançadas pelos sionistas, a situação piora ainda mais.”

Shahd nasceu em Gaza, mas cresceu e passou toda a sua vida em São Paulo. Ela voltou a Gaza há um ano juntamente com sua mãe, que queria se despedir da família depois de descobrir que estava com câncer. Infelizmente, a mãe de Shahd faleceu, e ela ficou sob os cuidados da avó na estreita faixa.

“Em busca de um lugar seguro contra bombardeios, estamos agora na casa de uma tia com mais 20 pessoas”, conta ela.

“O povo palestino é um povo inocente que se manteve firme durante anos contra a ocupação sionista. É doloroso ver como a maioria das pessoas ao redor do mundo pensa que palestinos e civis inocentes são terroristas!”

Shahd diz estar chocada com o fato de “o mundo ser solidário com o verdadeiro monstro, Israel, embora veja e saiba como extermina o povo palestino.

Realmente me dói como o mundo ficou cego e é enganado por alguns dos mitos contados pelos sionistas.”

O Itamaraty anunciou que evacuou com sucesso o primeiro grupo de brasileiros de Israel. A aeronave trouxe 211 passageiros e estão previstos mais cinco voos nos próximos dias. Mais de 2.700 estão atualmente em Israel e buscam ajuda do governo brasileiro para repatriá-los.

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“Estou orgulhoso e o povo brasileiro também deve estar pelo lindo trabalho que o Ministério da Defesa, o Itamaraty e a Força Aérea Brasileira estão fazendo para resgatar nossos compatriotas que estão na zona de conflito. Continuaremos trabalhando até trazer de volta todos que estão naquela região e queiram retornar ao nosso país”, tuitou o presidente Lula.

Enquanto isso, 30 brasileiros estão presos em Gaza, aguardando notícias sobre a possibilidade de ser evacuados pela passagem de Rafah com o Egito. A maioria foi a Gaza para visitar a família. O governo brasileiro disse que há questões logísticas e de segurança em relação a qualquer evacuação.

“Nós nos comunicamos com a Embaixada do Brasil em Ramallah e descrevemos a situação em Gaza neste momento. Disseram-nos que estão tentando coordenação com o Egito para possibilitar nossa evacuação através da passagem de Rafah. Seis dias se passaram e ainda estamos esperando”, diz Shahd.

Assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim ligou para o Conselheiro de Segurança Nacional do Egito, Faisa Abou El-Naga, em um esforço para providenciar a passagem segura dos brasileiros para fora de Gaza. Ele foi informado de que o Cairo não tem objeções a que os brasileiros viajem pela passagem de Rafah, mas não pode lhes oferecer proteção, uma vez que Rafah está sob ataque israelense.

“A minha mensagem aos povos do mundo: por favor, olhem para a história e compreendam a verdade sobre a questão palestina, que a maioria de vocês ignora”, conclui Shahd.

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Palestina: quatro mil anos de história
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