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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Candidato palestino a prefeito é baleado e deixa disputa, expondo negligência de Israel

Policiais da ocupação israelense reprimem palestinos durante protesto de colonos de direita perto da residência de Nashat Melhem, acusado de matar três pessoas, na aldeia árabe de Arara, no norte do território considerado Israel, em 19 de setembro de 2016 [Ammar Awa/Reuters]

As consequências letais da negligência deliberada de Israel às comunidades árabe-palestinas no território ocupado em 1948 — quando foi criado o Estado sionista, na ocasião da Nakba ou “catástrofe”, via limpeza étnica — voltaram aos holofotes após Musab Dukhan, candidato a prefeito em Nazaré deixar a disputa, semanas após ser baleado nas ruas.

Dukhan foi hospitalizado no final de agosto, vítima de atiradores ainda não identificados. Ele era o principal adversário do longevo prefeito da maior cidade árabe-palestina nas fronteiras nominais de Israel. Dukhan teve sua casa alvejada em julho, sem feridos na ocasião.

O atentado reflete uma escalada na violência que assola as comunidades árabe-palestinas e transborda à governança local, devido a uma política aberta de marginalização adotada por Israel.

“O ataque a Dukhan extrapolou todos os limites”, disseram fontes anônimas ao jornal Times of Israel. “Isso mostra o quanto os criminosos estão envolvidos nas eleições para remover da disputa quem quer lhes oponha”.

As fontes responsabilizaram autoridades da ocupação israelense pelo surto de criminalidade nas comunidades árabes.

LEIA: Deputado árabe denuncia Israel por criminalidade nas comunidades palestinas

Taxas de homicídio decolaram desde janeiro, quando o atual governo de extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tomou posse. Estima-se aumento de 50% em relação ao ano passado.

As taxas de homicídio para cidadãos árabe-palestinos são quase 18 vezes maior do que para cidadãos judeus, o que reflete a guetização de suas comunidades em meio a uma política de apartheid imposta pelo Estado colonial de Israel.

Para piorar, o ministro de Segurança Nacional israelense, Itamar Ben-Gvir, detém um amplo histórico de práticas e declarações racistas contra os árabes. Ben-Gvir, deputado e colono de extrema-direita, alega que os palestinos nativos têm de ser expulsos de toda a região.

Cidadãos árabe-palestinos se sentem inseguros devido às políticas israelenses em contraste com as muralhas erguidas em torno dos assentamentos ilegais exclusivamente judaicos nos territórios ocupados.

A polícia de Israel deixa homicídios que afetam os palestinos em aberto, enquanto aprisiona crianças que atiram pedras contra tanques de guerra na Cisjordânia e Jerusalém. Em regiões análogas a bantustões, todavia, crimes comuns correm livremente.

Uma das causas basilares para o surto na violência é a contenção de recursos às prefeituras árabes, prejudicando as condições de vida e a prestação de serviços em campo. Netanyahu respondeu à crise com promessas vagas, sem qualquer resposta pública adequada.

LEIA: Criminalidade contra os árabes aumenta, em meio ao fracasso israelense em combatê-lo

Ao comentar sobre o atentado contra Dukhan, o partido árabe Ra’am descreveu a situação em Nazaré como “perigosa”. A cidade tradicional cristã é foco particular da crise: dois filhos do vice-prefeito foram mortos recentemente em incidentes distintos.

Desde janeiro, ao menos 170 cidadãos palestinos de Israel foram mortos em escala nacional.

A crise evidencia décadas de discriminação das autoridades israelenses, que adotam a falta de ação como parte de sua política de limpeza étnica, em detrimento de seus deveres como potência ocupante conforme o direito internacional.

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