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Israel proíbe produtos com símbolos palestinos em Jerusalém ocupada

Bandeiras palestinas durante protesto contra a expansão de assentamentos ilegais sobre a aldeia de Deir Istiya, em Salfit, na Cisjordânia ocupada, 24 de julho de 2023 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A polícia da ocupação israelense proibiu o comércio de produtos com bandeiras palestinas e outros símbolos nacionais na Cidade Velha de Jerusalém Oriental. A medida discriminatória é parte dos esforços para exterminar a identidade palestina da cidade ocupada.

Enquanto lojas pertencentes a colonos ilegais continuam a exibir em suas vitrines camisetas celebrando o exército israelense e uniformes de equipes de futebol de extrema-direita, itens com representações palestinas são tratados como “contrabando”.

Entre os itens proibidos estão camisetas com o slogan “Palestina livre”, imagens que citam o direito de retorno e itens de souvenir com mapas da Palestina histórica — isto é, anterior à criação do Estado de Israel, via limpeza étnica e expropriação de terras, em 1948.

Comerciantes reportaram ao jornal israelense Haaretz o assédio de policiais para impedi-los de expor produtos palestinos e até mesmo fechar as portas.

Desde o último ano, a polícia expandiu suas restrições a quaisquer vestimentas e acessórios que promovam “terrorismo e violência” — retórica que manifesta o racismo institucional da ocupação israelense, ao vincular a identidade ancestral palestina a jargões pejorativos.

A lógica contradiz também o direito à resistência, incluindo resistência armada, consagrado pela lei internacional, contra a ocupação e a colonização. Tel Aviv tende a difamar reações e críticas legítimas como “terroristas” ou “antissemitas”.

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A assimetria retrata ainda símbolos palestinos como catalisadores da violência, em lugar da cultura armamentista flagrante em Israel.

As restrições coincidem com esforços de deputados israelenses para criminalizar a bandeira palestina durante atos civis. Nas últimas semanas, manifestantes do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém ocupada, foram presos meramente por hastear a bandeira.

Mesmo crianças não estão imunes às violações — policiais revistam mochilas a caminho do complexo de Al-Aqsa e apreendem livros que possuam imagens nacionais.

Segundo os comerciantes, o primeiro passo da polícia é emitir alertas. Em seguida, agências sanitárias e outras são mobilizadas para encontrar pretextos punitivos.

“A polícia vem e diz que não pode ter nada palestino”, comentou um lojista. “Não estou nem aí pra política, quero fazer dinheiro. Mas a bandeira é tudo que eles veem, e não a violência e o racismo por todos os lados”.

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A escalada repressiva em Jerusalém Oriental é parte de uma campanha histórica de limpeza étnica e memoricídio.

O Plano de Partilha de 1947 estabeleceu os alicerces para a Nakba — ou “catástrofe”, como os palestinos descrevem a criação de Israel após a brutal expulsão de 750 mil habitantes de suas terras, que incorreu na destruição de mais de 500 aldeias por milícias sionistas.

Desde então, Israel mantém seu projeto de apagamento da identidade palestina via censura a ícones culturais, hebraicização ou biblicização de topônimos — incluindo nomes romanos e cristãos —, roubo de terras e leis racistas. Apesar dos esforços, contudo, a luta e a memória palestina continuam vivas.

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