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Povo do Sudão apoia exército contra rebeldes, alega embaixador em Ancara

Manifestantes reivindicam um regime civil em Cartum, capital do Sudão, em 19 de dezembro de 2021 [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]

O povo sudanês apoia as Forças Armadas em sua “batalha por dignidade” contra rebeldes das Forças de Suporte Rápido (FSR), insistiu Nadir Yousif Eltayeb, embaixador do Estado norte-africano na Turquia, em entrevista exclusiva à agência de notícias Anadolu.

Eltayeb argumentou que a tragédia no Sudão tem o “lado positivo” de ver sua população supostamente unida junto das Forças Armadas.

“Pessoas de todas as tribos, todas as etnias, todas as afiliações políticas, todo mundo está do lado do exército”, afirmou o embaixador. “A guerra serve agora para que o exército prove que é ele quem controla as instituições e dá segurança ao povo como um todo”.

Segundo Eltayeb, as Forças de Suporte Rápido carecem de dimensão política ou regional e representam um pequeno clã que crê na possibilidade de governar pela força. Para o diplomata, não há apoio sequer em Darfur, local de origem do grupo paramilitar.

“Não acho que este grupo rebelde tem qualquer chance de manter uma participação política no futuro do país, razão pela qual sinto que o Sudão sairá disso ainda mais forte e mais unido”, argumentou Eltayeb.

O diplomata insistiu que o lado adversário perdeu 80% de seu contingente desde o início da guerra. Conforme seu relato, a despeito de confrontos que perduram desde o fim de semana, as Forças Armadas avançaram na capital e forçaram o lado oposto a deixar a cidade.

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Para Eltayeb, a guerra começou em 13 de abril, quando o exército frustrou uma tentativa do grupo rebelde de atacar a base aérea de Marawi, no norte do país. O diplomata sugeriu ainda que as Forças Armadas foram particularmente bem-sucedidas na primeira quinzena de confrontos, ao destruir bases e centros de controle de seus adversários.

Sua versão – ligada ao governo militar, instaurado via golpe de Estado – insiste que as Forças de Suporte Rápido usam civis como escudos humanos para conter seus revezes.

“Eles se escondem atrás dos cidadãos. A guerra se prolonga também porque temos cuidado em não ferir os cidadãos comuns. Caso atacássemos os rebeldes nessas áreas, as baixas entre civis seriam altas demais. É por isso que o exército avança devagar, mas com confiança, para livrar Cartum das forças rebeldes”, declarou Eltayeb.

O exército tomou o poder em outubro de 2021, ocasião na qual a coalizão paramilitar se consolidou como parceira do regime instaurado. Desde então, divergências sobre a eventual transição à democracia se avolumaram pouco a pouco.

O recente conflito no Sudão eclodiu, em particular, devido à insistência das Forças Armadas em integrar as tropas paramilitares ao contingente regular, após meses de crise social, protestos de massa e tensões políticas ainda em aberto.

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