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Irã celebra adesão aos Brics como ‘vitória estratégica’ em meio a tensões com EUA

Ministro de Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian durante encontro de chanceleres dos Brics, na Cidade do Cabo, África do Sul, em 2 de junho de 2023 [Brics/Agência Anadolu]

O Irã celebrou sua adesão ao grupo conhecido como Brics como “vitória estratégica”, após o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa confirmar a entrada de seis novos membros.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em postagem nas redes sociais, Mohammad Jamshidi, chefe adjunto de assuntos políticos da presidência iraniana, parabenizou o Supremo Líder, aiatolá Ali Khamenei, e o povo iraniano pela conquista. “Em um movimento histórico, a República Islâmica do Irã se torna membro permanente dos Brics, vitória estratégica de nossa política externa”, afirmou.

Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito, Irã e Etiópia foram “convidados” a entrar no grupo a partir de 1º de janeiro de 2024, informou Ramaphosa, anfitrião da 15ª cúpula do bloco, que acontece em Joanesburgo.

O termo “convite”, segundo diplomatas, é uma formalidade técnica, uma vez que os países anunciados já haviam demonstrado interesse em se filiar ao bloco.

Os cinco membros originais do grupo – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – deram seu aval aos novos parceiros nesta quarta-feira (23).

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, chegou a Joanesburgo no dia anterior. Antes de embarcar à África do Sul, Raisi descreveu os Brics como “nova potência emergente no mundo”, responsável por reunir “nações independentes”.

LEIA: Na Cúpula dos Brics, Guterres pede reforma das instituições multilaterais

A expansão dos Brics coincide, no entanto, com uma escalada de tensões entre Irã e Estados Unidos, em meio a um persistente impasse sobre o acordo nuclear de 2015, além de embates entre as partes no Golfo Pérsico.

Especialistas veem os Brics como alternativa viável ao Grupo dos Sete (G7), poderoso fórum político-econômico que compreende Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul respondem por 42% da população mundial e devem contribuir com mais da metade do produto interno bruto (PIB) até 2030.

O Irã solicitou sua filiação em junho passado, dias após Raisi ser convidado a discursar por videoconferência na cúpula do bloco.

Na ocasião, Raisi declarou expectativas de compartilhar a “vasta capacidade” do país com seus eventuais aliados, para enfrentar desafios em comum, como “unilateralismo, tendências nacionalistas, sanções e medidas econômicas coercitivas”.

Posteriormente, o Ministério de Relações Exteriores do Irã manifestou esperanças de que sua entrada ao bloco “agregue valor” às iniciativas relevantes, em meio a consultas contínuas entre seu governo e os membros permanentes dos Brics.

Neste mês, durante evento em Teerã – intitulado “Irã e os Brics: Prospectos, parceria e cooperação” – comentou o chanceler, Hossein Amir-Abdollahian: “Nosso país é um parceiro influente e confiável em laços bilaterais e multilaterais devido a sua posição geográfica e estratégica única, suas enormes reservas energéticas, sobretudo petróleo e gás natural, sua enxuta e barata rede de transportes, sua mão de obra jovem e especializada e suas conquistas científicas e tecnológicas”.

A experiência do Irã com as sanções americanas, segundo analistas, também o torna um importante aliado à medida que o bloco busca desdolarizar suas economias.

Os Brics promovem sua instituição econômica, o Novo Banco do Desenvolvimento, chefiado pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, como alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que atualmente domina o sistema financeiro global.

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