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Israel pune reservista da Marinha por protestos contra reforma judicial

Protesto contra a reforma judicial do premiê israelense Benjamin Netanyahu em Tel Aviv, 12 de agosto de 2023 [Yair Palti/Agência Anadolu]

O exército israelense suspendeu Ofer Doron, reservista da Marinha, por se recusar a prestar serviços como protesto à reforma judicial do governo do premiê Benjamin Netanyahu.

A decisão sucedeu discussões entre o chefe da Marinha, David Salama, e diversos oficiais de alto escalão, que anunciaram recentemente a paralisação de suas atividades voluntárias. Ao menos dez mil reservistas declararam não ter intenção de se apresentar aos quartéis.

Muitos dos manifestantes afirmam não querer servir um país “não democrático”, diante da possibilidade de uma escalada autocrática de Netanyahu devido às emendas propostas, que preveem redução dos poderes da Suprema Corte em favor do executivo.

Em carta a Salama, relatou Doron: “Sirvo a Marinha há 44 anos, metade no exército regular, metade na reserva, em uma variedade de postos desafiadores, seja no mar, nos quartéis ou nos centros operacionais”.

“Desde que fui liberado do serviço militar, servi voluntariamente 20 a 50 dias todos os anos, a grande maioria à noite ou durante os sábados [Shabbat]”, reiterou. “Meu uniforme sempre esteve à disposição, assim como meu carro particular em tempos de tensão – que não foram poucos”.

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“Porém, meus valores não me permitem servir ao exército de uma ditadura e a degradação ética e moral é inevitável”, destacou o voluntário. “Meus valores não me permitem aguardar nas trincheiras que tudo ‘fique bem’. O povo judeu já sofreu demais por tardar a identificar os perigos que o assombram, tanto de dentro quanto de fora”.

A decisão de suspender Doron foi aprovada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Herzi Halevi. O exército teme perder prontidão armada caso a greve dos reservistas continue, em particular, diante de uma escalada de tensões na Cisjordânia ocupada.

Israel vive protestos de massa contra a reforma judicial desde janeiro.

Analistas internos e apoiadores temem impacto de investimento e relações públicas ao país, com prejuízo à imagem da “única democracia no Oriente Médio”. Os protestos, porém, não costumam contrapor o regime de apartheid imposto aos palestinos.

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