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Arábia Saudita hesita sobre normalização com governo de Israel

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, em 16 de julho de 2022 [Corte Real Saudita/Agência Anadolu]

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, afirmou a seus associados que não está preparado para a plena normalização de relações com Israel, tampouco é entusiasta de um acordo com o atual governo do premiê Benjamin Netanyahu, reportou o jornal Times of Israel.

Fontes dos Estados Unidos enfatizaram que sua abordagem sobre um eventual acordo não é “tudo ou nada”, ao declarar apoio a medidas de aproximação. Contudo, um artigo publicado nesta quarta-feira (9) pelo The Wall Street Journal corroborou a hesitação saudita.

De olho na campanha para reeleição em 2024, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, busca assegurar um acordo entre a monarquia e a ocupação, como aquele firmado por seu antecessor e eventual oponente republicano, Donald Trump, entre Israel e Emirados Árabes Unidos, em setembro de 2020.

No entanto, segundo relatos, assessores da Casa Branca admitiram a portas fechadas que os detratores de um Estado palestino – clara maioria no gabinete de Netanyahu – devem criar obstáculos a uma normalização plena, ao obstruir a chamada solução de dois Estados.

As reportagens recentes são a primeira ocasião na qual o reino parece desconfortável com a ideia de assinar um pacto com a atual coalizão israelense.

LEIA: EUA se distanciam do avanço relatado nas negociações saudita-israelenses

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, todavia, procurou minimizar os reveses, durante um informe por telefonema à imprensa.

“Não há negociações mutuamente estabelecidas ou um panorama acordado para formalizar a normalização, sequer para tratar das preocupações de segurança que nós e nossos aliados temos”, afirmou Kirby. “A forma com que a reportagem foi apresentada levou certas pessoas a crer que as discussões progrediram além e estamos mais próximos de um grau de certeza do que é o caso”.

Biden parece disposto a arcar com um preço alto , incluindo ao oferecer à Arábia Saudita um pacto de segurança mútua em escala semelhante às garantias concedidas a países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Tamanho acordo pode abarcar termos de defesa em caso de ataque, venda de armamentos de última tecnologia e até mesmo aval para que Riad desenvolva seu próprio programa nuclear.

Embora os sauditas costumem dizer que a normalização com Tel Aviv poderá avançar apenas após o fim da ocupação dos territórios palestinos, não está claro se Mohammed bin Salman estaria disposto a ceder caso Washington realmente faça concessões históricas.

Segundo relatos, bin Salman não prioriza a questão palestina e está pronto a consentir com a Casa Branca caso suas demandas sejam cumpridas. Israel, contudo, também condicionou a normalização à exclusão dos palestinos da pauta.

De acordo com o Wall Street Journal, o príncipe saudita emite sinais contraditórios a grupos distintos, enquanto oficiais americanos insistem na crença de um compromisso genuíno por parte de Riad.

LEIA: Normalização com sauditas não tem relação com Estado palestino, insiste Netanyahu

Segundo o Times of Israel, Kirby buscou esclarecer que Biden de fato instruiu seus principais assessores a “ver o que é possível no campo da normalização saudita-israelense”, conforme um “compromisso da gestão para manter o diálogo e avançar as coisas”.

Washington busca ainda garantias do reino que restrinjam seu relacionamento com a China. O governo americano guarda esperanças de finalizar um acordo dentro de um ano.

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