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Guarda de fronteira da Líbia critica deportação de negros africanos da Tunísia

Refugiados a caminho da Europa são detidos pela Guarda Nacional da Tunísia, na cidade de Sfax, em 8 de junho de 2023 [Hasan Mrad/DeFodi Images via Getty Images]

Um vídeo circulou online de um guarda de fronteira da Líbia indignado com a deportação à força de negros africanos pelo governo da Tunísia. No registro, o guarda aborda um homem e seu bebê, abandonados no deserto, quando um casal passa por eles e aceita água.

“Que vergonha, Tunísia”, diz o guarda. “Está 50 graus!”

Uma onda de calor atingiu, desde a última semana, a região do Norte da África e do Oriente Médio, com recordes de temperatura acima de 50° C. Incêndios florestais atingiram a costa argelina, matando 34 pessoas e se aproximando da fronteira tunisiana.

Outra postagem que viralizou é a fotografia de uma mãe, Dosso Fari, e sua filha, Marie, cujos corpos foram encontrados no deserto por autoridades líbias.

Na segunda-feira (24), o Ministério do Interior da Líbia confirmou recuperar corpos de cinco refugiados subsaarianos na zona de fronteira, durante uma patrulha de rotina.

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Um relatório da organização Human Rights Watch (HRW), divulgado neste mês, denunciou a polícia e o exército tunisianos por apreender refugiados negros e abandoná-los na fronteira com a Líbia e a Argélia, em franca violação do direito internacional.

Abusos documentados pelo grupo incluem agressão, roubo de bens e mesmo tortura.

Peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) declararam apreensão sobre os relatos de expulsão forçada de negros africanos da Tunísia e instaram as autoridades a interromperem as deportações.

O racismo na Tunísia atingiu um novo pico após o presidente Kais Saied afirmar em fevereiro que a imigração seria um complô para alterar a demografia do país.

Apesar das declarações de Saied e casos de deportação ilegal, a União Europeia concluiu um acordo de migração com Túnis neste mês. Sob o tratado, o país norte-africano receberá um pacote assistencial em troca de policiar travessias no Mar Mediterrâneo.

Críticos alertam que o pacto ignora o racismo institucional do atual governo tunisiano, além da perseguição de figuras oposicionistas e mesmo membros do judiciário.

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