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Reportagem desmente Guarda Costeira da Grécia sobre naufrágio no Mediterrâneo

Barco de refugiados momentos antes de naufragar, em Kalamata, na Grécia, em 15 de junho de 20203 [Guarda Costeira da Grécia/Agência Anadolu]

Uma reportagem investigativa do The Guardian, em parceria com outras agências, descobriu que uma tentativa da Guarda Costeira da Grécia de rebocar um barco com 750 refugiados a bordo pode ter causado seu naufrágio.

Dentre os passageiros, estavam cidadãos do Egito, Síria, Palestina e Paquistão. Somente 104 pessoas sobreviveram.

Nove suspeitos a bordo foram detidos por homicídio culposo e tráfico humano, embora se declarem inocentes.

Em 14 de junho, o barco de pesca deixou o Egito, pegou passageiros na Líbia e partiu rumo à Itália; no entanto, naufragou nos mares da Grécia.

No fim do mês, sobreviventes disseram a juízes gregos que a Guarda Costeira foi responsável pelo incidente, ao tentar rebocar o barco, apesar de alertas dos tripulantes. Um refugiado da Síria reportou que o barco oscilou para os lados antes de virar.

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Outro sobrevivente recordou à Reuters:

Eles nos puxaram rápido e o barco virou. O barco balançou para direita, para esquerda, para direita e então virou. As pessoas começaram a cair uma sobre as outras. As pessoas gritavam, tentavam subir umas nas outras, estavam se afogando. Era de noite e havia ondas. Foi muito assustador.

A Guarda Costeira e o governo da Grécia insistem que não houve tentativa de rebocagem, ao alegar que suas embarcações estavam a 70 metros de distância do local do naufrágio.

A reportagem do The Guardian, em parceria com a emissora pública alemã ARD e as redes Forensis e Solomon, revelou outras falhas, incluindo o fato de que oficiais ancorados em um porto mais próximo não responderam aos pedidos de socorro.

Autoridades gregas deixaram de responder a três alertas da Agência de Fronteiras da União Europeia (Frontex), que ofereceu ajuda para conduzir a operação. A Guarda Costeira grega tampouco registrou suas ações em suas câmeras termais.

A investigação demonstrou que o barco de pesca assumiu uma rota a oeste após se deparar com a Guarda Costeira, que prometeu aos refugiados levá-los à Itália.

Um sobrevivente reportou gritos dos tripulantes sobre uma corda fixada no barco, arrastado precariamente por dez minutos. “Sinto que eles tentavam nos puxar para fora de suas águas territoriais, para fugir da responsabilidade”.

Duas fontes da Guarda Costeira admitiram crer que a rebocagem causou o naufrágio.

Documentos judiciais revelaram que sete entre oito sobreviventes relataram aos promotores terem sentido um “forte puxão”.

LEIA: Deputados da Europa pedem inquérito internacional sobre naufrágio na Grécia

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