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Oposição marroquina pede fim da normalização com Israel

Bandeiras de Israel e do Marrocos durante cerimônia oficial em Tel Aviv, em 13 de setembro de 2022 [Jack Guez/AFP via Getty Images]

O movimento Unificação e Reforma do Marrocos, braço ativista do partido opositor Justiça e Desenvolvimento, renovou neste domingo (23) seu repúdio à normalização de laços entre a monarquia norte-africana e o regime da ocupação israelense.

“Este é um caminho que pode transformar o Marrocos em arena de conflitos internacionais e regionais, além de foco de infiltração israelense, ao ameaçar a segurança e estabilidade de toda a região”, advertiu o grupo oposicionista em nota emitida após sua assembleia geral de três dias realizada em Taroudant.

“A normalização é inconsistente com o papel do país, envolvido em forte apoio aos direitos e à luta do povo palestino”, acrescentou o comunicado.

O grupo instou o governo em Rabat a “retirar-se do caminho da normalização, romper laços com Israel e alinhar-se à gloriosa história do Marrocos em apoio a Jerusalém”.

Conforme o alerta, inimigos do Estado norte-africano não devem usufruir de oportunidades “para tomar vantagem [da normalização] para intensificar tensões e ferir a imagem do país, ao equiparar a questão palestina com o Saara Ocidental”.

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O movimento reforçou sua recusa em tornar a questão saharaui matéria de “chantagem ou barganha”, ao insistir que esta se refere à “união nacional”. Movimentos populares do Saara Ocidental buscam a independência do Marrocos, com apoio da Argélia.

Israel e Marrocos anunciaram a retomada de relações diplomáticas em 10 de dezembro de 2020, após duas décadas, sob esforços do presidente americano Donald Trump, em fim de mandato. Na ocasião, Trump prometeu reconhecer a “soberania” marroquina sobre o Saara Ocidental em troca da normalização.

Na última semana, a Corte Real do Marrocos confirmou que Israel reconheceu a “soberania” da coroa sobre o Saara Ocidental. O premiê israelense Benjamin Netanyahu submeteu sua decisão neste sentido em mensagem ao rei Mohammed VI.

O anúncio foi celebrado como “sísmico” pela mídia estatal. “Este desenvolvimento há muito esperado era requisito para o Marrocos se juntar aos Acordos de Abraão”, explicou a rede de notícias Arab News.

Os Acordos de Abraão resultaram na normalização entre Israel, por um lado, e uma série de regimes árabes: Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão.

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