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Eid Al-Adha: O que é a ‘Festa do Sacrifício’?

Camponeses vendem seus animais às véspera do Eid-Al-Adha em Meca, na Arábia Saudita, em 24 de junho de 2023 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

O Eid Al-Adha, ou “Festa do Sacrifício”, se aproxima enquanto muçulmanos de todo o mundo se preparam para celebrar um dos feriados islâmicos mais importantes de seu calendário. De fato, trata-se da segunda maior data para os muçulmanos, depois apenas do Eid Al-Fitr, que encerra o mês sagrado do Ramadã.

O Eid Al-Adha acontece entre o 10° e 13° dia do mês islâmico de Dhul Hijjah, à medida que o Hajj – a peregrinação a Meca, quinto e último pilar do islamismo – chega a seu fim. O Dhul Hijjah, é o 12° e último mês do calendário lunar observado pelo Islã, considerado santo por comunidades que jejuam em seus primeiros nove dias.

Na maioria dos países, as comemorações deste ano do Eid Al-Adha começam na quarta-feira (28). Em alguns lugares, como no Paquistão, têm início na quinta (29).

Origens do Eid Al-Adha

A tradição islâmica diz que o profeta Abraão (Ibrahim) – patriarca compartilhado pela fé de judeus, cristãos e muçulmanos – recebeu em seus sonhos ordens de Deus para sacrificar seu filho Ismael (Ismail). Ambos decidiram obedecer a Deus, como um gesto de fé e obediência. O diabo – Iblis, segundo o Islã – tentou dissuadir Abraão; sem sucesso, afastado sob pedras atiradas pelo celebrado profeta. Ao constatar a reverência do patriarca e de seu pai, segue a história, Deus enviou do paraíso um cordeiro para ser sacrificado no lugar de Ismael.

Muçulmanos comemoram a devoção de Abraão e Ismael como parte de sua peregrinação (Hajj), ao atirar pequenas pedras nas colinas de Mina, na Arábia Saudita. Uma versão similar da história é mencionada nas tradições judaico-cristãs.

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Sacrificar animais de rebanho é parte das festividades do Eid Al-Adha, embora não seja uma recomendação, e não um dogma do Islã.

O significado do Eid Al-Adha

Eid Al-Adha – celebrado na Turquia também como Kurban Bayrami – é historicamente uma festa de generosidade e compaixão. O Islã costuma enfatizar a caridade por meio do Zakat, outro dos pilares da doutrina, e o Eid Al-Adha é considerado uma oportunidade para tanto.

Há algumas regras para os animais a serem sacrificados: jamais animais doentes ou feridos. Indivíduos podem abater uma cabra, uma ovelha ou um cordeiro, enquanto grupos maiores podem imolar uma vaca ou mesmo um camelo, em algumas regiões.

A carne deve ser compartilhada com os mais pobres, além de familiares e amigos. Muitos muçulmanos optam por pagar o valor do animal a instituições beneficentes que distribuem refeições a comunidades carentes.

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O Islã estipula ainda princípios éticos do abatimento: com o mínimo de sofrimento possível infringido aos animais.

Conexão com o Hajj

O Hajj e o Eid Al-Adha têm ligações profundas. Milhões de peregrinos sacrificam um animal no terceiro dia de sua jornada. Então, cortam ou raspam os cabelos e vestem o “ihram” – túnicas utilizadas especificamente durante o Hajj, como símbolo de pureza e abnegação do mundo material, a fim de nulificar as diferenças de status ou classe social.

Nos dias seguintes, os muçulmanos realizam o “tawaf”, quando circulam a Caaba, vista pela tradição como a Casa de Deus construída por Abraão e Ismael. A seguir, vem o “sai”, ritual no qual os muçulmanos caminham sete vezes entre as colinas de Safa e Marwa, antes de atirar pedras em três pilares que representam o diabo.

Enfim, dizem adeus ao Hajj, a seus irmãos muçulmanos e à cidade santa de Meca, para que retornem realizados a suas casas.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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