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Recursos assegurados em conferência de doadores são insuficientes, alerta UNRWA

Cidadão palestino em frente ao emplema da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), na Cidade de Gaza, em 31 de julho de 2018 [Said Khatib/AFP via Getty Images]

A Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) alertou que os recursos assegurados durante uma conferência de doadores em Nova York, realizada na sexta-feira (2), ainda não bastam para atender às demandas da agência a partir de setembro.

Doadores prometeram US$ 812,3 milhões em recursos, mas apenas US$ 107 milhões são novas contribuições. O valor é muito inferior aos US$ 300 milhões necessários para manter serviços a milhões de refugiados nos territórios ocupados e nos países vizinhos.

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, afirmou que, embora a agência seja grata pelas promessas, estas permanecem aquém dos fundos necessários para manter mais de 700 escolas e 140 clínicas abertas no futuro próximo.

“Continuaremos a trabalhar incansavelmente com nossos parceiros, incluindo países anfitriões – aqueles que mais apoiam os refugiados – para arrecadar os fundos”, insistiu Lazzarini.

“A carência crônica de financiamento no decorrer de dez anos afetou severamente a qualidade de alguns serviços da UNRWA, refletida hoje em salas de aula superlotadas, maior dependência de trabalhadores contratados em caráter provisório – incluindo para serviços básicos como educação e saúde –, ativos esgotados e supressão de programas de ajuda econômica”, reportou a UNRWA.

A UNRWA foi criada em 1949 para atender aos refugiados palestinos na Jordânia, Líbano, Síria, Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém. A agência oferece suporte a 5,9 milhões de pessoas.

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Por anos, Israel conduz esforços para fechar a UNRWA, pois é a única agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com mandato específico para cuidar das necessidades dos refugiados palestinos. Segundo Israel, se a agência deixar de existir, a questão dos refugiados também não existirá mais e o direito legítimo de retorno será desnecessário.

Israel nega o direito de retorno dos refugiados desde o final da década de 1940, mesmo que sua adesão à ONU tenha sido condicionada a tanto.

A UNRWA depende quase inteiramente de doações voluntárias de países-membros das Nações Unidas, o que a torna extremamente vulnerável a grupos de lobby sionista com influência em capitais importantes.

A agência enfrentou grave crise durante a presidência de Donald Trump, nos Estados Unidos, após sua gestão interromper completamente as doações em 2018. Embora parte desses fundos tenha sido posteriormente restabelecida, não são suficientes para preencher a lacuna.

Os Emirados Árabes Unidos também reduziram significativamente o envio de recursos em 2020, à medida que normalizava relações com Israel. Segundo Sami Mshasha, os Emirados doaram US$ 51,8 milhões à UNRWA em 2018 e 2019, mas apenas US$ 1 milhão no ano seguinte.

O Reino Unido cortou em mais da metade seus fundos à UNRWA, de US$ 57,2 milhões em 2020 para US$ 28 milhões em 2021. Doações britânicas constituíam a terceira maior remessa em 2020, mas as reduções drásticas puseram o país no segundo escalão de doadores.

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