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Rússia acusa EUA de espionar milhares de telefones da Apple

Apple Carnegie Library em Washington D.C., Estados Unidos, em 19 de janeiro de 2023 [Celal Günes/Agência Anadolu]
Apple Carnegie Library em Washington D.C., Estados Unidos, em 19 de janeiro de 2023 [Celal Günes/Agência Anadolu]

O Serviço Federal de Proteção da Rússia (FSO) reportou nesta quinta-feira (1°) ter descoberto um esquema da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) para apelar a vulnerabilidades presentes nos aparelhos celulares da Apple para instalar um aplicativo espião (spyware) e monitorar seus usuários.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Segundo a agência russa – principal sucessora da KGB soviética –, milhares de telefones foram infectados. Entre os alvos, estão diplomatas radicados na Rússia e nos países vizinhos.

Além de cidadãos russos, foram vigiados oficiais israelenses, sírios, chineses e mesmo representantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

“O FSO expôs uma ação de inteligência de serviços especiais americanos mediante aparelhos móveis da Apple”, declarou a agência em comunicado oficial.

O Serviço Federal de Proteção é visto como uma força proeminente no atual regime russo, fruto da chamada Nona Diretoria do Comitê de Segurança do Estado da União Soviética (KGB). A agência é responsável direta por administrar a guarda pessoal do Kremlin – portanto, próxima a Vladimir Putin.

Nem a Apple nem a NSA comentaram as acusações até então.

LEIA: Novo spyware israelense visa políticos e jornalistas de vários países, alerta Citizen Lab

De acordo com índices do ano passado, divulgados pelo Centro Belfer para Ciência e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard, os Estados Unidos são a principal potência cibernética do planeta. China, Rússia, Reino Unido e Austrália completam o topo do ranking.

Espionagem?

Moscou alertou que o plano mostra “cooperação íntima” entre a multinacional Apple e a NSA, célebre agência americana responsável por segurança e inteligência criptográfica e monitoramento de comunicações.

Tanto o Kremlin quanto seu Ministério de Relações Exteriores deram ênfase à questão. “A coleta ilegal de dados foi realizada por meio de lacunas em softwares desenvolvidos nos Estados Unidos”, destacou a chancelaria em nota. “A inteligência americana usa tecnologia da informação há décadas para coletar dados de usuários da internet sem seu consentimento”.

Segundo Moscou, o esquema foi descoberto por operações em escala federal. Oficiais russos questionam há tempos a segurança da tecnologia fabricada nos Estados Unidos.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, insistiu que todos os funcionários da presidência sabem das vulnerabilidades presentes nos aparelhos americanos, incluindo iPhones.

“Usá-los para fins oficiais é inaceitável e proibido”, confirmou Preskov. Seu uso pessoal é permitido, no entanto, reafirmou.

Aplicativos espiões

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma com orgulho não possuir um smartphone, muito embora o Kremlin reconheça que o ex-espião da KGB – agência notavelmente analógica – acesse a internet eventualmente.

O alerta oficial de Moscou sucede em poucas horas um relatório técnico da empresa russa Kaspersky Lab – desenvolvedora de um dos antivírus mais usados no mundo – no qual confirmou que parte de sua equipe teve seus iPhones alvejados por um “ataque cibernético extremamente complexo e profissional”.

A Kaspersky observou que o aplicativo espião chegou aos aparelhos mediante uma mensagem invisível aos usuários, instalado através de vulnerabilidades do sistema operacional iOS, incluindo informações transmitidas pelos smartphones a servidores remotos.

A companhia publicou um relatório técnico com detalhes sobre como agiu o spyware.

Conforme seu comunicado, a recente campanha de espionagem alvejou “equipes de gestão de médio e alto escalão”.

A Kaspersky não fez comentários adicionais até então tampouco confirmou relação entre seu relatório e as denúncias dos serviços de segurança da Rússia.

No último ano, apreensões com a invasão de aparelhos por aplicativos espiões ganharam tração após o centro de pesquisa Citizen Lab, sediado em Toronto, no Canadá, expor o uso indiscriminado do spyware israelense Pegasus contra oficiais, ativistas e jornalistas estrangeiros.

O escândalo levou a uma onda de inquéritos na Europa e nos Estados Unidos, além de processos legais registrados pelas corporações Meta e Apple contra o Grupo NSO, companhia desenvolvedora radicada em Herzliya, no distrito de Tel Aviv.

Neste ano, o Kremlin emitiu diretrizes a todos os oficiais envolvidos na preparação das eleições presidenciais de 2024 para que deixem de usar iPhones ou outros produtos da Apple, sob receios de que os sistemas estejam comprometidos por agências ocidentais.

LEIA: Denúncias derrubam novo spyware israelense, exposto por alvejar críticos e jornalistas

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