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Projeto quer dar nova vida à obra de Niemeyer no Líbano

A cúpula de concreto do teatro experimental da Feira Internacional Rashid Karami em Trípoli, Líbano, projetada em 1962 pelo famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, mas nunca concluída. Fotografado em outubro de 2018 durante a exposição de arte contemporânea "CYCLES OF COLLAPSING PROGRESS". [Roman Deckert]

Em Trípoli, no Líbano, um dos prédios projetados na década de 60 pelo brasileiro Oscar Niemeyerestá inacabado. É essa realidade que um grupo de artistas quer, agora, mudar. Ativistas socioculturais se reuniram para criar a ONE for art JV, iniciativa que está organizando o Projection One. O objetivo é arrecadar fundos para a reabilitação do Teatro Circular Experimental Oscar Niemeyer, conhecido como O Domo.

O local, atualmente, é o único edifício inacabado na Feira InternacionalRachid Karameh, de Trípoli, no Líbano. O teatro tem capacidade para 1.100 lugares e a meta é que ele passe a ser o maior palco em funcionamento para todas as artes cênicas na região do Norte do Líbano, onde fica o complexo. Trípoli é a segunda maior cidade do país.

“Na noite de inauguração, um concerto sinfônico inédito mostrará o enorme potencial desse espaço mágico e funcionará como uma entrega do legado de Niemeyer para trazer de volta à vida sua realização modernista”, disse a embaixadora Carla Jazzar, encarregada de negócios na Embaixada do Líbano em Brasília.

Em entrevista à ANBA ela deu detalhes da iniciativa. “Ao mesmo tempo em que criará oportunidades de trabalho e iniciará um processo de economia circular, ele reconectará as regiões e o povo libanês e aprimorará o turismo cultural e, mais precisamente, a descoberta do local, por meio da linguagem universal da música. Após esse primeiro evento, as taxas de aluguel do local gerarão receitas para que a administração da Feira possa sustentar e/ou recuperar a infraestrutura da Feira”, afirmou Jazzar.

A ONE for art JV tem membros como Jorge Takla, diretor musical brasileiro; Harout Fazlian, maestro principal da Orquestra Filarmônica do Líbano; Wassim Naghi, arquiteto, professor e palestrante internacional, responsável pela inscrição do complexo arquitetônico de Niemeyer no Patrimônio Cultural da Unesco; Joelle Hajjar, curadora, produtora e historiadora da Arte; Rania Cortbawi, designer de interiores com projetos no Líbano e no exterior; Lea Baroudi, fundadora da ONG MARCH, que opera em Trípoli há nove anos; e Hyam Yared, escritora e presidente da associação PEN para escritores francófonos.

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Segundo Jazzar, todos os estudos técnicos e logísticos foram elaborados juntamente com a aprovação preliminar da administração da feira e das entidades oficiais. Agora, o projeto está em captação de recursos.

Por isso, a Embaixada do Líbano no Brasil está promovendo o projeto junto às autoridades e à comunidade libanesa no País. “Desde o começo, estamos trabalhando junto ao Itamaraty, abrindo portas no Ministério da Cultura, na Fundação Oscar Niemeyer e em outras instituições, tanto em nível governamental quanto no terceiro setor, para divulgar e atrair patrocinadores para esse projeto, que fortalece ainda mais os laços entre nossos dois países”, disse ela.

O projeto já conseguiu que todo o sistema acústico seja patrocinado pela empresa Saint-Gobain. Outros passos também foram os compromissos firmados pela LBC International de ser o principal parceiro de mídia da ação, além da Commercial Insurance de cobrir todas as fases do projeto. Além disso, as empresas sociais Sustain Lebanon e Live Love Lebanon participarão do processo de financiamento coletivo, e o projeto deve ter apoio da Fundação Saadallah e Loubna Khalil para Educação e Cultura.

Homenagem à Niemeyer

Como o complexo foi projetado por Niemeyer, está prevista uma homenagem ao brasileiro. “Faz parte do programa principal receber um representante de sua família e entregar um troféu especial na noite inaugural de um evento altamente divulgado. Pretendemos projetar um filme de curta metragem sobre a história da Feira e o feito de Niemeyer, por meio de arquivos originais e raríssimos. Esse filme poderia ser usado no Brasil, em escolas e em TVs para divulgar esse grande feito arquitetônico de Niemeyer fora do Brasil”, explicou a embaixadora.

A diplomata lembra, entretanto, que para atingir os objetivos, o orçamento previsto precisa ser alcançado. “[Essa é uma forma de] ajudar a salvar o legado de Niemeyer no Líbano, que está em risco de desaparecer, e trazê-lo de volta à vida, por meio de sua participação na operação de arrecadação de fundos, especialmente depois de ter sido listado como Patrimônio Mundial da Unesco. O primeiro e único complexo do século XX a ser incluído na lista em todo o Oriente Médio. A primeira e maior obra de Oscar Niemeyer fora do continente americano”, concluiu ela.

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Publicado originalmente em ANBA

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