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Líderes mundiais reagem às eleições na Turquia, Lula parabeniza Erdogan

Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan [Dogukan Keskinkilic/Agência Anadolu]

Líderes do Catar, Hungria, Somália e Paquistão estiveram entre os primeiros chefes de Estado e de governo a congratular o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, por sua reeleição, neste domingo, 28 de maio de 2023, após um acirrado segundo turno.

“Meu querido irmão, parabéns por sua vitória, desejo todo sucesso em seu novo mandato e que conquiste nele as aspirações do povo turco em termos de progresso e prosperidade”, declarou no Twitter o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani.

O controverso presidente da Hungria, Viktor Orbán, conhecido por tendências autocráticas e posições ultranacionalistas, parabenizou Erdogan: “Congratulo o Sr. Presidente por sua incontestável vitória eleitoral”.

Hassan Sheikh Mohamud, da Somália, tuitou: “Parabéns à Turquia, nossa amiga e irmã”.

O premiê paquistanês, Shehbaz Sharif, descreveu Erdogan como “um dos poucos líderes mundiais cuja política tem como âncora o serviço público”, além de enaltecê-lo como “pilar vigoroso dos muçulmanos oprimidos” e “voz ardente de seus direitos inalienáveis”, reportou a rede Deutsche Welle.

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O chanceler alemão, Olaf Scholz, parabenizou Erdogan, assim como o presidente russo, Vladimir Putin, acusado de intervir no processo eleitoral pela oposição turca. O Kremlin insistiu em se tratar do “resultado lógico” diante do trabalho de Erdogan como líder da Turquia.

“Do fundo de meu coração, desejo a você novos êxitos em tamanha responsabilidade como chefe de Estado, além de boa saúde e bem estar”, acrescentou Putin em carta oficial.

Teerã – aliado estratégico de Moscou – juntou-se ao coro de congratulações. “Nossos laços com a Turquia nos próximos anos continuarão com base na boa vizinhança e nos interesses em comum”, destacou o presidente iraniano, Ebrahim Raisi.

O presidente israelense Isaac Herzog saudou Erdogan em comunicado: “Estou convencido de que continuaremos a trabalhar juntos para robustecer e expandir boas relações”.

O primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), Mohammed Shtayyeh, parabenizou o presidente turco por sua reeleição, assim como Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do movimento Hamas, sediado em Gaza. “Aplaudo a postura civilizada do povo da Turquia. Aguardo ansiosamente por seu apoio a nossa causa e nossa Jerusalém”, declarou Haniyeh.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deu seus parabéns ao reafirmar a necessidade de “fortalecer ainda mais a parceria estratégica” com Ancara. A Turquia está envolvida em um acordo oscilante para permitir a exportação de grãos de portos no Mar Negro, a fim de atenuar a crise alimentar oriunda da guerra.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, felicitou Erdogan por meio de seu porta-voz. “[Guterres] está ansioso por robustecer a cooperação entre Turquia e Nações Unidas”, comentou em nota Stephane Dujarric.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, tuitou: “Parabéns Erdogan por sua reeleição como presidente da Turquia. Espero trabalharmos juntos novamente para aprofundar as relações entre União Europeia e Turquia nos anos por vir”.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, reiterou: “Felicito Erdogan por vencer as eleições. Espero continuar a construir nossas relações. É de importância estratégica para ambos, União Europeia e Turquia, que trabalhemos para avançar neste relacionamento, para o benefício de nossos povos”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, observou: “França e Turquia têm desafios imensos para enfrentar juntos. Retorno à paz na Europa, futuro da aliança euro-atlântica, Mar Mediterrâneo. Com o presidente Erdogan, a quem dou os parabéns, continuaremos adiante”.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou a cooperação mútua como parceiros da OTAN em “questões bilaterais e desafios globais”. Seu secretário de Estado, Antony Blinken, acrescentou: “Parabéns ao presidente Erdogan por sua reeleição e aos eleitores na Turquia pelo alto comparecimento. A Turquia é um valioso aliado e parceiro da OTAN. Espero continuar a trabalhar junto deste governo escolhido por seu povo”.

O premiê britânico, Rishi Sunak, ecoou Washington, ao enfatizar “a colaboração entre os países, desde o aumento no comércio a questões de segurança como aliados da OTAN”

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, comentou no Twitter: “Cumprimento Recep Tayyip Erdogan  pela reeleição como presidente da Turquia. Desejo um bom mandato, de muito trabalho para o melhor do povo turco. E conte com a parceria do Brasil na cooperação global pela paz e no combate à pobreza e desenvolvimento do mundo”.

Resultados eleitorais

Erdogan conquistou a vitória com 52.14% dos votos contra 47.86% do candidato opositor, Kemal Kilicdaroglu, considerando 99.43% das urnas oficialmente apuradas pelo Supremo Tribunal Eleitoral (YSK), reportou seu presidente, Ahmet Yener, na noite de domingo.

Erdogan adiantou a celebração aos 75.42% das urnas apuradas: “Quero agradecer cada membro de nossa nação que mais uma vez confiou em nós a responsabilidade de liderar o país pelos próximos cinco anos. Se Deus quiser, seremos digno de sua confiança”.

Mais de 64.1 milhões de pessoas estavam registradas para votar, incluindo 1.92 milhão no exterior. Quase 192 mil urnas foram instaladas em toda a Turquia.

Erdogan, no poder desde 2003, conquistou um novo mandato de cinco anos. Três vezes premiê, Erdogan mudou a Constituição para se manter no poder como presidente por dois mandatos. Esta é a primeira vez na história da Turquia que uma eleição ao executivo vai ao segundo turno.

No primeiro turno, em 14 de maio, Erdogan saiu à frente, com 49.52% dos votos contra 44.88% de Kilicdaroglu. O candidato de extrema-direita Sinan Ogan ficou com 5.17% dos votos. Nas eleições parlamentares, realizadas simultaneamente, o bloco governista obteve a maioria, com 323 assentos das 600 vagas ao Congresso Nacional.

Na última segunda-feira (22), Erdogan obteve o apoio declarado do terceiro colocado, considerado crucial para determinar os resultados do pleito.

O candidato derrotado, Kilicdaroglu, prometeu manter a “liderança na luta” contra o regime de Erdogan. “Minha única tristeza é sobre as dificuldades que aguardam o país”, comentou.

Impacto internacional

As eleições na Turquia atraíram atenção internacional. O país é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), embora o atual governo seja considerado aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em detrimento dos Estados Unidos e da União Europeia.

Após perder popularidade, devido à crise econômica no país, Erdogan assumiu uma guinada aberta à direita conservadora, incluindo movimentos ultranacionalistas. Apesar de o país ter acolhido 3,5 milhões de refugiados sírios, conforme acordo estratégico com a Europa de 2016, a pauta dos imigrantes se tornou bode expiatório a ambos os lados na disputa eleitoral.

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Na última semana, Kilicdaroglu – na tentativa de flertar com o voto ultranacionalista – prometeu deportar todos os refugiados do país, ao exagerar o índice a dez milhões de pessoas. Erdogan adotou um discurso semelhante, embora mais ameno, ao insistir no “retorno seguro e voluntário” dos requerentes de asilo.

Grupos de direitos humanos advertem que o retorno dos refugiados não é seguro, dado que a Síria continua sob guerra civil, sem solução política no horizonte. Relatos de perseguição, encarceramento e tortura nas mãos do regime de Bashar al-Assad – incluindo contra refugiados que retornam ao país – ainda são comuns.

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