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Ativistas são presos no Reino Unido por protesto contra fábrica de armas

Cientista e ativista Mike Lynch-White (centro) durante protesto do grupo ambiental Burning Pink

Duas pessoas que assumiram ação direta para ocupar o lote de uma fábrica de armamentos no Reino Unido foram condenadas à prisão nesta terça-feira (23), por danos à propriedade, sob um acordo judicial. Um terceiro indivíduo foi inocentado pelo Tribunal Real de Chester.

O cientista e ativista Mike Lynch-White foi sentenciado a 27 meses de detenção; seu colega, a 16 meses. Metade da pena costuma ser cumprida em regime fechado.

Lynch-White estava preso há três meses por adotar táticas de desobediência civil e ação direta por meio do grupo de militância ambiental Burning Pink. Suas ações junto ao grupo Heathrow Pause podem levar a novas sanções.

Os três ativistas ocuparam um local da fabricante aeroespacial APPH em junho de 2021, como parte de uma campanha abrangente para paralisar a cadeia de abastecimento militar israelense no Reino Unido. A PPH fornece componentes aos drones da Elbit Systems, em particular, a sua subsidiária de Leicester, a UAV Tactical Systems, firma conhecida por enviar armas a Israel.

Os componentes da APPH alimentam o projeto de drones militares Watchkeeper, de fabricação britânica, adotado no Iraque e Afeganistão. Seu design é baseado no drone israelense Hermes, também fabricado pela Elbit. O Hermes é vendido a todo o mundo como “testado em batalha”, isto é, usado nos sucessivos massacres na Faixa de Gaza sitiada.

A APPH também produz peças de pouso para o drone Hawkjet, da BAE Systems, empregue nos ataques da coalizão saudita ao Iêmen, além de jatos e helicópteros militares.

“Vejo como os palestinos nativos são, na melhor das hipóteses, cidadãos de segunda classe em sua própria terra, cada vez mais reduzida”, comentou Lynch-White. “Trata-se claramente de um regime de apartheid. Denunciamos algo assim no passado e devemos fazê-lo novamente. Não é complicado: estamos do lado dos indefesos e não dos poderosos”.

Conforme um porta-voz da Ação Palestina: “As penas de prisão mostram o desespero do Estado em proteger a cadeia de abastecimento militar de Israel, em detrimento de vidas palestinas e da liberdade de ativistas no Reino Unido”.

“Agimos para suspender as operações do complexo industrial militar, que lucra com o sangue do povo palestino e com o regime de apartheid ao qual é subjugado”, acrescentou. “Por fazer isso, deveriam ser congratulados e não encarcerados”.

Apesar dos sucessivos esforços para intimidar e dissuadir iniciativas contra o comércio de armas de Israel, o movimento cresce dia após dia, reiterou o porta-voz.

A Ação Palestina é uma rede de ação direta cujo foco são instalações da corporação militar Elbit Systems e outras empresas cúmplices da ocupação israelense. Sua militância pede que todas as fábricas responsáveis pelas agressões coloniais na Palestina histórica sejam fechadas.

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