À meia-luz do fim de tarde do Ramadã, as ruas de Gaza ficam entupidas de carros à medida que os palestinos correm para casa para quebrar seu jejum do mês sagrado, junto de suas famílias.
Motoristas famintos e frustrados buzinam ou tentam cortar caminho pelo acostamento. Alguns acidentes naturalmente acontecem. No entanto, para aqueles que não conseguem atravessar o trânsito pesado, Ehab Ayyad representa um sinal de alívio e até mesmo um bom presságio.
Cristão de Gaza, Ayyad (23) oferece água e tâmaras aos muçulmanos presos no trânsito, cujo atraso involuntário não os impede de respeitar as tradições do Islã. Cinco anos atrás, Ayyad deu início a uma tradição própria, ao ajudar seus vizinhos a matar a fome.
“Como cristão, ofereço água e tâmaras aos irmãos muçulmanos pois compartilhamos a mesma terra e temos o mesmo sangue”, declarou Ayyad à agência Reuters, em sua casa, decorada com lanternas e estatuetas da Virgem Maria.
“No começo, estranharam por que um cristão fazia isso, mas os anos se passaram; hoje, ficam felizes em me ver”, observou Ayyad. “A resposta é muito positiva, tenho orgulho de ajudar!”
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Gaza, a pequena faixa costeira sob bloqueio militar de Israel desde 2007, governada pelo grupo palestino Hamas, tem cerca de mil cristãos, a maioria greco-ortodoxos, de uma população total de 2.3 milhões de pessoas.
“Eles não jejuam conosco, mas se compadecem de nós e isso é muito bom”, comentou Louay al-Zaharna, proprietário de um café em Gaza, após receber as tâmaras de Ayyad.
Em sua casa, Ayyad tem ajuda de um vizinho de 13 anos que prepara os pacotes.
“Nos nossos dias sagrados, nossos irmãos muçulmanos vêm nos visitar e expressar felicitações”, destacou Ayyad. “Fazemos o mesmo nos seus dias santos”.