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Relatório de direitos humanos dos EUA ignora assassinato de Shireen Abu Akleh

Vigília em frente à sede da Al Jazeera em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, após o assassinato da jornalista Shireen Abu Aqleh, morta por um franco-atirador israelense ao cobrir uma invasão militar ao campo de refugiados de Jenin, em 11 de maio de 2022 [Ronaldo Schemidt/AFP via Getty Images]

O relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado dos Estados Unidos adotou a versão do governo israelense sobre o assassinato da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh e deixou de mencionar a morte de um cidadão americano após ser preso por forças da ocupação no ano passado.

O relatório, emitido na segunda-feira (20), ignorou o assassinato da jornalista veterana da rede Al Jazeera, ao negligenciar seu caráter extrajudicial ou arbitrária e citá-lo brevemente na seção sobre liberdade de expressão, reportou o Middle East Eye.

Em maio passado, as forças israelenses executaram Abu Akleh durante uma operação militar no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Abu Akleh vestia colete e capacete com identificação de imprensa; contudo, foi baleada na cabeça.

Seu assassinato provocou indignação entre os palestinos e ampla condenação internacional.

Uma investigação do exército de ocupação reconheceu a “possibilidade” de que um soldado sionista tivesse atingido a repórter, mas negou dolo. Não obstante, investigações independentes confirmaram que Abu Akleh e seus colegas foram deliberadamente alvejados.

O Departamento de Estado tampouco citou a morte do palestino-americano Omar Asaad, de de 80 anos, falecido em custódia das autoridades israelenses.

O jornal New York Times confirmou que Asaad sofreu um ataque cardíaco induzido por estresse, provavelmente causado por ser amordaçado em um local frio e sob condições de violência. A reportagem é corroborada por um laudo apresentado pelo legista responsável.

Apesar de ignorar o assassinato de Abu Akleh em seu capítulo sobre execuções extrajudiciais, o relatório do Departamento de Estado fez menção das investigações de Israel sobre suas próprias forças de segurança, incluindo casos de abuso, assassinatos ilegais e restrições discriminatórias contra os palestinos.

Conforme o relatório: “Os sistemas judiciais militar e civil de Israel raramente responsabilizam membros das forças de segurança por cometer abusos”.

“O relatório reiterou diversos relatos de que o governo ou seus agentes cometeram assassinatos arbitrários ou ilegais, observando que cidadãos com deficiências mentais corriam maior risco de serem submetidos à violência ao interagir com a polícia”, destacou a reportagem.

Ao apresentar o relatório ao público durante uma coletiva de imprensa, o Secretário de Estado Antony Blinken alegou: “Não poupamos ninguém – falamos das coisas como vemos”.

No entanto, apesar das denúncias, os Estados Unidos continuam a fornecer apoio diplomático e militar a Israel; seu apoio alimenta o apartheid, a violência e a violação dos direitos palestinos.

LEIA: Ser jornalista na Palestina significa viver no olho do furacão

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