Portuguese / English

Middle East Near You

Reino Unido se desculpa por pedir carimbo do Talibã a refugiados afegãos

Requerentes de asilo, incluindo afegãos [Arif Hüdaverdi Yaman/Agência Anadolu]
Requerentes de asilo, incluindo afegãos [Arif Hüdaverdi Yaman/Agência Anadolu]

O Ministério da Defesa do Reino Unido pediu desculpas após solicitar que os requerentes de asilo afegãos escondidos no país obtenham a autenticação de seus documentos pelo Talibã, as mesmas pessoas das quais tentam fugir.

Grupos de direitos humanos registraram como o governo do Talibã, estabelecido em 2021, em meio à saída às pressas dos Estados Unidos do Afeganistão, proibiu protestos civis, executou combatentes da resistência e suspeitos e suprimiu os direitos das mulheres.

Contudo, foi dito a 37 afegãos que seus certificados de nascimento e casamento deveriam estar em inglês, carimbados pelo regime em Cabul.

Um ex-tradutor disse ao Daily Mail que o erro foi “imprudente” e “colocou vidas em risco” e advertiu requerentes de asilo a não seguir as instruções.

LEIA: A política de ‘guerra ao terror’ dos EUA exporta islamofobia globalmente

Os cidadãos afegãos haviam recorrido à política estabelecida para realocação e assistência, sob o qual pessoas que trabalharam com o governo britânico ou Forças Armadas podem requerer residência na Grã-Bretanha.

O Ministério da Defesa estima que cerca de 4.600 pessoas são elegíveis para serem transferidas para a Grã-Bretanha sob o esquema, mas ainda não foram realocadas.

Muitos requerentes estão presos no Afeganistão porque o Talibã praticamente parou de emitir passaportes para crianças, relatou o Independent, que divulgou a investigação inicial.

Dan Jarvis, parlamentar trabalhista e veterano das Forças Armadas, comentou: “Pedir a nossos aliados afegãos que tenham documentos assinados pelo Ministério das Relações Exteriores do Talibã é como pedir que assinem sua própria sentença de morte.”

“Os pedidos de Londres mostram absoluto desprezo pela realidade enfrentada pelos cidadãos afegãos, empurrando homens desesperados para situações de risco”, acrescentou.

Em meio à controvérsia, o Ministério da Defesa enviou e-mails para vários dos requerentes e disse-lhes para evitar contato com o Talibã.

No ano passado foi amplamente divulgado que o Talibã estava indo de porta em porta em uma caçada humana por qualquer pessoa que tenha trabalhado com as forças comandadas pelos Estados Unidos ou o governo afegão predecessor.

Um relatório de um grupo de inteligência norueguês afirmou que o regime perseguia pessoas criminalizadas, sobretudo aqueles que acreditavam terem desempenhado papéis-chave.

“Particularmente em risco estão indivíduos que trabalharam em unidades militares, policiais e investigativas”, confirmou o relatório.

No mesmo ano, a organização Human Rights Watch (HRW) divulgou um relatório conforme o qual ex-militares, policiais, oficiais de inteligência e combatentes paramilitares foram mortos ou desapareceram após serem abduzidos pelo regime.

As denúncias contradizem a versão do Talibã, que prometeu anistia a ex-funcionários do estado.

No início deste ano, o governo do Reino Unido foi novamente acusado de não agir rápido o suficiente para conter a iminente catástrofe humanitária que se desenrolou após a queda de Cabul, no verão de 2021.

LEIA: Uma semana na vida de um iraquiano após a invasão dos EUA em 2003

Categorias
AfeganistãoÁsia & AméricasEuropa & RússiaNotíciaReino Unido
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments