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Companhia israelense forneceu spyware a junta militar de Myanmar

Logotipo da empresa Cognyte [Youtube]

A empresa israelense Cognyte, cujas ações são comercializadas na Nasdaq, venceu um concurso para vender programas de espionagem e interceptação à firma estatal de telecomunicações de Myanmar, pouco antes do golpe militar, em fevereiro de 2021, revelaram documentos obtidos pela agência Reuters e pelo jornal Haaretz nesta segunda-feira (16).

O leilão foi realizado em dezembro de 2020, com objetivo de fornecer um sistema de spyware à agência subjugada ao Ministério das Comunicações.

Os documentos confirmam planos do regime de instalar ferramentas de “interceptação legal” nas redes e servidores disponíveis no país. O sistema espião permite ouvir telefonemas, acessar mensagens de texto e e-mails e rastrear usuários sem aval ou assistência das empresas privadas de internet e telecomunicações.

A instalação dos sistemas de espionagem estava prevista para ser concluída em junho de 2021, mas não está claro se foi entregue ou se está operante. No entanto, fontes locais reportaram à Reuters que a empresa estatal de fato testou o aparato.

LEIA: Haaretz diz que Israel deu a Mianmar “as ferramentas” para executar o genocídio de Rohingya

Em novembro de 2020, um mês antes da aquisição do sistema, o partido da então premiê Daw Aung San Suu Kyi ganhou as eleições por uma ampla margem, quando o exército alegou fraude e indicou não acatar aos resultados.

Em fevereiro, as Forças Armadas realizaram um golpe e prenderam Daw Aung San Suu Kyi, além de ministros e congressistas. A premiê legítima foi então condenada a 26 anos de prisão.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), nos protestos que sucederam o golpe, a Junta Militar matou ao menos 1.600 pessoas, prendeu 12 mil e executou quatro ativistas pró-democracia.

Um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos informou que a junta “monitorou regularmente comunicações eletrônicas privadas via vigilância online; com inúmeros relatos de que o regime monitorou pessoas pró-democracia”.

“Antes do golpe”, prosseguiu o documento, “o exército aprimorou sua ‘capacidade de guerrilha eletrônica’ e adquiriu tecnologias de vigilância, incluindo ferramentas para rastrear celulares e vigiar indivíduos democratas”.

A Cognyte não respondeu ao Haaretz para explicar o caso, tampouco o Ministério da Defesa de Israel, que ratificou a venda.

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