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Acadêmico saudita é condenado à morte por uso das redes sociais

Bandeira nacional da Arábia Saudita [Chris McGrath/Getty Images]
Bandeira nacional da Arábia Saudita [Chris McGrath/Getty Images]

Awad al-Qarni (65), proeminente professor de direito da Arábia Saudita, foi condenado à morte pelo uso das redes sociais. O pesquisador e teólogo reformista foi acusado de usar plataformas como Twitter, Facebook, WhatsApp e Telegram para disseminar retórica contra o governo.

Al-Qarni foi detido em setembro de 2017, quando o então recém-empossado príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman ordenou uma varredura nacional contra a dissidência, sob pretexto de combate à corrupção. Antes da prisão, al-Qarni tinha dois milhões de seguidores no Twitter.

Nasser, seu filho, que fugiu do país no último ano para pedir asilo no Reino Unido, compartilhou detalhes das acusações contra seu pai com o jornal britânico The Guardian. Em outubro, Nasser relatou a condições de violência em torno da prisão, conduzida por policiais à paisana.

“Havia mais de cem homens armados com pistolas e metralhadoras. Eles cercaram minha casa. Fomos impedidos de entrar ou de sair”, recordou Nasser. “Era como um cenário de guerra”.

As acusações incluem postagens de opinião no Twitter e participação em grupos do Telegram e WhatsApp, ao supostamente enaltecer a Irmandade Muçulmana em uma série de vídeos. Vale reiterar que al-Qarni enfrenta pena capital por tais alegações.

Os documentos judiciais compartilhados por Nasser corroboram a criminalização das redes e da liberdade de expressão desde Bin Salman se tornou governante de facto da Arábia Saudita.

No último ano, a doutoranda e mãe de dois filhos, Salma al-Shehad, de Leeds, na Inglaterra, foi sentenciada a 34 anos de prisão por retuitar denúncias de ativistas. Noura al-Qahtami recebeu pena de 45 anos de prisão pela mesma razão.

Jeed Basyouni, diretor para Oriente Médio e Norte da África da associação de direitos humanos Reprieve, reiterou que a perseguição contra al-Qarni é parte de uma tendência abrangente sob a qual acadêmicos e outros enfrentam pena de morte por exercer sua liberdade de expressão.

LEIA: Ex-funcionário do Twitter condenado a mais de 3 anos por espionar dissidentes sauditas

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