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Após um ano de programa, nenhum refugiado afegão foi reassentado no Reino Unido

Refugiados evacuados do Afeganistão em Leeds, Reino Unido, 30 de novembro de 2021 [Danny Lawson/WPA Pool/Getty Images]

O governo do Reino Unido, até então, falhou em cumprir suas promessas de reassentar dezenas de milhares de afegãos vulneráveis no país, um ano após ter apresentado um programa de asilo devido à tomada do Afeganistão pelo grupo Talibã, em agosto de 2021.

O chamado Esquema de Reassentamento de Cidadãos Afegãos (ACRS) – estabelecido há exatos doze meses – prometeu reassentar 20 mil refugiados nos próximos anos e cinco mil no primeiro ano. O governo, então sob o ex-premiê Boris Johnson, alegou três caminhos para a tarefa.

O primeiro seria proteger aqueles já alocados no país. Então, reassentar aqueles encaminhados pelo Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). O terceiro, reassentar os cidadãos afegãos que trabalharam – ou estiveram afiliados – ao estado britânico, por exemplo, em postos de diplomacia, educação ou treinamento, durante a ocupação do Afeganistão, sob a aliança militar comandada pelos Estados Unidos.

Londres insiste ter deferido visto de permanência sem prazo definido a 6.300 pessoas, embora sejam refugiados da primeira leva – isto é, já alocados no país.

Sob a segunda categoria, conforme índices publicados pela Secretaria do Interior, quatro meses atrás, apenas quatro indivíduos foram beneficiados. Na terceira categoria, não há ninguém.

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Em resposta ao MEMO, a Secretaria do Interior afirmou que, desde abril de 2021, cerca de doze mil afegãos foram realocados no Reino Unido. Conforme um porta-voz da pasta: “O país fez um dos maiores compromissos do planeta em apoio aos afegãos e, até então, trouxemos quase 23 mil pessoas vulneráveis, incluindo milhares elegíveis a nossos programas de relocação”.

Tais reassentamentos, todavia, precedem a tomada do Afeganistão pelo Talibã e a subsequente crise, sob o programa anterior da chamada Política de Assistência e Relocação Afegã (ARAP). Os números batem: 6.300 refugiados com vistos de permanência sem prazo definido.

Aqueles exclusos de tais índices e que vieram após 2021, segundo informações, continuam em hotéis, em situação precária, à medida que Londres protela sua regularização. Relatos apontam que o governo sugeriu aos refugiados que buscassem hospedagem privada em serviços online.

“Dar apoio à relocação dos afegãos elegíveis ainda é uma prioridade máxima e continuaremos a trabalhar junto da Acnur, de parceiros e de países vizinhos do Afeganistão, para conferir suporte e salvo-conduto aos exilados”, prosseguiu o porta-voz.

Ao abordar tangencialmente a demora dos reassentamentos, a Secretaria do Interior enfatizou que “é importante elaborar o esquema com cuidado e garantir o apoio e os serviços requeridos por aqueles em processo de asilo, para ajudá-los a se integrar em nossa sociedade e reconstruir suas vidas”.

Um ano após as promessas, o Reino Unido não cumpriu a meta de cinco mil refugiados e parece distante do objetivo de reassentar 20 mil pessoas no total – incluindo aqueles que concederam assistência à missão militar e diplomática do país no Afeganistão, nas últimas duas décadas.

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