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Omar al-Bashir admite liderar golpe militar de 1989 no Sudão

Ex-ditador sudanês Omar al-Bashir durante julgamento do golpe militar de 1989 no país norte-africano, em audiência na capital Cartum [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]
Ex-ditador sudanês Omar al-Bashir durante julgamento do golpe militar de 1989 no país norte-africano, em audiência na capital Cartum [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]

O ex-ditador sudanês Omar al-Bashir, destituído em 2019, admitiu ser o maior responsável pelo golpe militar de 1989 no país norte-africano, ao recordar os eventos que o precederam.

A confissão ocorreu perante um tribunal na capital Cartum, nesta terça-feira (20).

Após relembrar detalhes do atentado contra as instituições sudanesas e da atmosfera anterior ao golpe militar, reconheceu al-Bashir: “Carrego toda responsabilidade pelos eventos de junho de 1989”.

Entretanto, o presidente que comandou o Sudão por quase 30 anos não expressou remorso por seu regime linha-dura contra a população, tampouco por suas ações que incorreram no golpe. Ao contrário, al-Bashir falou de supostas conquistas de seu governo, em nome de paz, petróleo e obras de infraestrutura.

“Convidamos 77 líderes partidários para conversar conosco logo após os eventos de 1989, com o objetivo de restaurar a paz no país”, insistiu o ex-ditador. “Demos atenção à questão da paz como chave para solucionar todas as agruras nacionais e fomos bem-sucedidos”.

“Tivemos sucesso, queríamos servir ao povo e nossa motivação jamais foi poder”, acrescentou.

Al-Bashir negou, não obstante, a participação de civis nos atos de ruptura institucional de 1989, ao declarar: “Não sei de nenhum civil que participou das reuniões preparatórias para o golpe”.

Em 30 de junho de 1989, al-Bashir executou um golpe militar contra o primeiro-ministro Sadiq al-Mahdi e tornou-se presidente do chamado Movimento Revolucionário de Salvação Nacional. No mesmo ano, assumiu posse como presidente do país.

Al-Bashir foi transferido à Penitenciária Central de Kober, ao norte de Cartum, após o exército enfim destituir seu governo em 11 de abril de 2019, sob veemente pressão popular. Protestos tomaram o Sudão contra a deterioração das condições socioeconômicas.

A instabilidade no Sudão continua. As Forças Armadas voltaram a tomar o poder em outubro de 2021; igualmente, persistem manifestações de massa por democracia.

LEIA: Sudaneses protestam contra acordo entre exército e civis

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