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Egito pede a Museu Britânico que devolva a Pedra de Roseta

Pedra de Roseta no Museu Britânico [Simone Ramella/Flickr]

Milhares de cidadãos egípcios organizaram uma petição para reivindicar que o Museu Britânico devolva a Pedra de Roseta, à medida que a instituição colonial prepara as comemorações de 200 anos da tradução dos hieróglifos antigos.

A Pedra de Roseta foi uma descoberta sem precedentes, que permitiu que a célebre escrita do Egito Antigo fosse decodificada pela primeira vez em séculos.

Monica Hanna – reitora da Academia Árabe de Ciência, Tecnologia e Transporte Marítimo, uma das organizadoras do pedido – comentou à rede Associated Press: “A posse da Pedra de Roseta pelo Museu Britânico é um símbolo da violência cultural do Ocidente contra o Egito”.

A campanha “Repatriar Rashid” – em alusão ao nome em árabe da cidade de Roseta – abrange arqueólogos egípcios que desejam retomar o artefato, junto de outros 16 objetos.

O Museu Britânico alega que um emissário egípcio assinou o acordo de concessão. A campanha, no entanto, insiste que os artigos do tratado violam as leis nacionais da época.

Zahi Hawass, coautor de uma segunda petição e ex-ministro da pasta de antiguidades do Egito, observou que o país não teve escolha perante a derrota militar dos franceses, senão render os artefatos em 1801. As peças foram obtidas e posteriormente expostas pelo Império Britânico.

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A campanha “Repatriar Rashid” conta até então com 4.200 assinaturas. A petição de Hawass já reuniu mais de cem mil signatários.

Hawass também demanda a devolução do busto de Nefertiti pelo Neues Museum de Berlim e do Zodíaco de Dendera, exposto no Museu do Louvre, em Paris.

Em setembro, os Estados Unidos restituíram seis artefatos antigos ao Egito, estimados em mais de US$4 milhões, após uma investigação revelar que as peças históricas aportaram no território americano mediante contrabando ilegal.

Alguns dos artefatos foram apreendidos de Michael Steinhardt, colecionador de antiguidades e bilionário americano, durante uma revista policial a sua residência.

Em junho, outras cinco peças egípcias foram devolvidas pelo Museu de Arte Metropolitana de Nova York, após um inquérito revelar saque. Em 2019, um sarcófago de ouro traficado do Egito durante a revolução de 2011 foi também repatriado.

Na segunda-feira (28), seis objetos roubados por soldados britânicos no século XIX da cidade de Benin – na Nigéria contemporânea – regressaram a seu país por meio da Comissão Nacional de Museus e Monumentos do estado africano.

Peritos esperam que a devolução feita pelo Museu Horniman de Londres – primeira instituição do Reino Unido a fazê-lo – encoraje o Museu Britânico a acatar aos apelos para repatriação das valorosas peças extraídas de suas terras como espólio colonial.

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