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Guerra na Ucrânia complica situação de sírios, diz especialista brasileiro

Uma mãe na cidade de Raqqa, na Síria, coleta remédios para seus filhos que sofrem com diarreia e também recebe instruções sobre como esterilizar água para se proteger contra a cólera. [Delil Souleiman/UNICEF]

A caminho dos 12 anos depois do início do conflito, 90% da população vive na pobreza na Síria. O presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre o país, Paulo Sérgio Pinheiro, citou novos conflitos, tensões entre os envolvidos nas negociações e incertezas sobre refugiados como problemas piorando o sofrimento.

“A situação se tornou extremamente complicada por causa do conflito na Ucrânia. A Síria, de certa forma, tem sido esquecida. O tratamento dado aos refugiados sírios, infelizmente, não é o mesmo dado aos refugiados ucranianos. Nós não temos nenhuma crítica quanto a isso. Os refugiados precisam de apoio. Os refugiados da Síria já estão 11 anos, uns 10 anos mais precisamente, fora do país. Precisam ter apoio. Há muito que as agências podem fazer nesse sentido. Eu cito especialmente, por exemplo, o Unicef que tem seguido de uma maneira muito próxima a questão das crianças afetadas pela guerra. E agora, essa questão da cólera.”

Influência na solução

O surto declarado em setembro já matou dezenas de pessoas. O especialista disse a ONU News, em Nova Iorque, que a situação se espalhou para todas as 14 províncias sírias, levando a uma piora do sistema de saúde e crise de fornecimento de serviços básicos.

Pinheiro disse que o acesso à ajuda humanitária continua inadequado e politizado. Ele defende o foco do mundo nessa realidade como importante, especialmente em relação ao papel dos integrantes da ONU que têm influência na solução para o problema.

LEIA: O cólera se espalha em todas as 14 províncias da Síria, alerta ONU

“As potências e os Estados-membros que estão envolvidos no conflito têm uma responsabilidade em termos de ajudar a terrível situação de dezenas de milhões de deslocados internamente que não moram nas suas próprias casas. A ONU tem feito isso, mas é essencial que isso seja feito como apoio dos Estados-membros. Por que razão não se chega a uma negociação? Porque há cinco exércitos, pode-se dizer, atuando no país. Então, fazer uma negociação com cinco países é extremamente complicado.”

Ajuda para sobreviver

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, Paulo Sérgio Pinheiro pediu apoio urgente a famílias em busca de desaparecidos e ressaltou que cresce o impulso de repatriações de refugiados que considera um processo “mais urgente do que nunca”.

“Tudo veio a ser complicado especialmente pelo papel que a Federação Russa deveria ter, por causa do desvio das atenções e dos apoios em relação à Ucrânia. Então, nós acreditamos que isso seja por algum período. Acreditamos que isso seja por um período. Em algum momento essa guerra vai cessar. O nosso esforço é fazer justamente com que o mundo não se esqueça da Síria.”

A ONU estima que metade da população na Síria dependa de fontes de água inseguras. Estima-se que 14,6 milhões de cidadãos dependem de ajuda para sobreviver.

Publicado originalmente em ONU News

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